20 fev, 2019 - 15:40 • João Carlos Malta
A líder do CDS/PP, Assunção Cristas, abriu, esta quarta-feira, o debate da moção de censura proposta pelo seu partido a acusar o Governo de ter enganado os portugueses com a “fábula do fim da austeridade”.
Na perspetiva de Cristas, o Governo enganou os portugueses com a “fábula do fim da austeridade” e, este momento, tem apenas dois ministros: “O primeiro-ministro, que é o ministro da propaganda, e o ministro das Finanças, que é o ministro da austeridade."
Quando a líder centrista fez esta acusação, Costa e Centeno soltaram um largo sorriso e deram um grande aperto de mão.
Antes, Cristas descreveu um quadro de um Governo que “cria problemas ao invés de os evitar”, que tem “mais greves do que em tempos mais difíceis” e que está "esgotado, desnorteado e sem ação".
A líder do CDS falou também de um governo que cobra “mais e mais impostos às empresas, para lhes dar menos e menos serviços”, abordando, de seguida, a questão do Serviço Nacional de Saúde, para dizer que este em Portugal “está à beira do colapso” e que o “governo das esquerdas” precipita “ainda mais esse colapso”.
O CDS critica ainda a ação de um governo que “desperdiçou a melhor conjuntura internacional e atingiu resultados medíocres”.
Com as europeias à porta, Cristas não deixou de, na intervenção inicial, falar da má execução de fundos cominitários - 17% de execução no mar ou 5% na ferrovia.
A presidente do CDS definiu ainda este governo como o “campeão do desinvestimento” e acrescentou que que o “governo das esquerdas vai além da troika sem cá ter a troika”.
“Cada dia que passa, é um dia desperdiçado para o nosso país”, sintetizou.
No início da sua intervenção, Assunção Cristas justificou esta moção de censura, a 32.ª desde a instauração da democracia, fazendo uma resenha histórica das anteriores.
O desafio de Cristas às esquerdas
Em apenas uma ocasião, o governo caiu em consequência de uma moção de censura. “Quem hoje critica esta iniciativa, fá-lo porque acha que o governo não merece censura. Mas é hipocrisia dizer que é por outra razão”, disse, dirigindo-se à esquerda.
Depois, ainda olhando para o mesmo lado, lançou um repto a BE e PCP: “Votem a favor da nossa moção ou apresentem as vossas.”
“Não podem é querer ser governo e oposição ao mesmo tempo”, acrescentou.
Costa contra-ataca nos pilares
Na resposta à intervenção de Cristas, o primeiro-ministro, António Costa, disse que há apenas “uma virtualidade” na moção de censura do partido de direita, " a de ver que PSD e CDS estão em minoria no parlamento e não dispõem de nenhuma alternativa de governo”.
“Esta moção nada tem a ver com a disputa do governo, mas apenas a medição de forças na direita”, considerou o primeiro-ministro, classificando a iniciativa do CDS como “um ato falhado”.
“O CDS pretende afirmar-se como campeão das lutas sindicais, que sempre combateu, e promotor do investimento público, que sempre diabolizou, ou como defensor do SNS, que sempre quis destruir”, contra-atacou.