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Missão País. "Fazer o bem transforma-nos”

19 fev, 2019 - 13:00 • Ângela Roque

Três mil e 200 jovens participam na edição deste ano da Missão País, que decorre até final de fevereiro. Manuel Azevedo Mendes, um dos responsáveis nacionais, veio à Renascença falar do projeto católico de universitários, que já marca presença em dezenas de faculdades.

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A Missão País nasceu em 2003, por iniciativa do Movimento Apostólico de Schoenstatt, com o propósito de “inspirar gerações a viver a fé católica em missão”.

A missão começou com apenas 20 estudantes da Universidade Nova de Lisboa, mas, em poucos anos, foi-se alargando a cada vez mais alunos. Em 2019, são já 55 as missões, envolvendo mais de três mil estudantes de várias instituições de ensino superior, públicas e privadas, de norte a sul do país.

Este é um projeto aberto a não crentes, mas muitos dos que participam são católicos, alguns com ligação a movimentos da Igreja - Shoenstatt, Família Missionária Verbum Dei, Comunhão e Libertação, Opus Dei, Equipas de Jovens de Nossa Senhora e centros universitários dos jesuítas, por exemplo. Cada missão integra cerca de 50 elementos, liderados por uma equipa de chefes e um assistente espiritual.

Manuel Azevedo Mendes faz parte da equipa nacional da Missão País e falou à Renascença sobre o projeto e a adesão crescente que tem tido.

Está a decorrer mais uma edição da Missão País, este ano com o lema "E se conhecesses o dom de Deus?". Este ano, quantos estudantes se inscreveram e para quantas missões de quantas faculdades?

Este ano voltámos a bater recordes, como tem sido habitual nos últimos anos. Tivemos cerca de 3.200 inscrições em 55 faculdades de norte a sul do país. Estamos presentes na Universidade de Aveiro, de Braga, de Coimbra, de Évora, Lisboa e no Porto. Desde o início da Missão País, já houve 121 locais missionados. É giro também ir vendo o mapa de Portugal e perceber que aos poucos está a ser preenchido.

O projeto nasceu em 2003, com poucos estudantes...

As primeiras missões foram na Universidade Nova de Lisboa e eram cerca de 20 missionários. Ao fim de 16 anos, somos mais de três mil, que é um número incrível.

As inscrições esgotaram em poucos minutos...

É quase sempre assim, todos os anos. É uma correria no dia, temos de estar mesmo atentos. As inscrições são feitas através do site. Nem todas as faculdades enchem completamente, mas há muitas que sim e têm listas de espera enormes.

O Manuel Azevedo Mendes tem 20 anos, é da Faculdade de Direito. Já participou em quantas missões?

Este ano, faço as terceiras missões. Fui chefe geral das minhas missões o ano passado.

Tem sido importante participar?

Tem sido incrível. É uma experiência que nos marca imenso. A Missão País tem três dimensões importantes: a missão externa, a missão interna e a missão pessoal. A missão externa é muito fácil de perceber: vamos durante uma semana para localidades de Portugal em que estamos ao serviço da comunidade, para ajudar no que for preciso. A dimensão interna é marcada pela espiritualidade - porque nós somos um projeto católico -, orientada através de um lema anual. Levamos a imagem da Mãe Peregrina, que é a imagem de Nossa Senhora de Shoenstatt, que nos acompanha durante esta semana. Depois, há a dimensão pessoal, que nos permite levar para o dia a dia tudo aquilo que aprendemos nesta semana. E isso também se vê, depois, no ambiente da faculdade, no dia a dia depois das missões, nos programas que combinamos todos juntos. Porque, durante aquela semana ,criam-se amizades fortes, criam-se vínculos, algo que é importante manter durante o resto do ano.

Isso tem sido feito, por exemplo, através dos Núcleos Católicos de Estudantes, que têm surgido em várias faculdades?

Os núcleos não têm crescido tão rapidamente como as missões, mas tem-se verificado um crescimento, bem como das atividades que propõem aos universitários dessas faculdades, através de peregrinações durante o ano, missas por semestre.

É importante para quem participa esta dimensão espiritual?

O espírito que se vive durante a semana de missão é um espírito muito bom, mesmo para as pessoas que não são católicas e querem ter esta experiência e vão connosco. É uma semana em que elas também são desafiadas. E isto de nos pormos ao serviço daqueles que mais precisam da nossa atenção, das pessoas que estão mais sozinhas, mais doentes, nos lares, é uma coisa que nos é pedida a todos enquanto jovens, não só aos católicos.

O grande lema da Missão País é inspirar gerações que vivam a fé católica em missão e isso é muito importante para nós levarmos também para o nosso futuro. Aquilo que nós aprendemos durante esta semana, o estar atento às necessidades dos outros, o pormo-nos ao serviço, é uma coisa que nos vai marcar durante a vida toda, incluindo durante o nosso trabalho, nas nossas profissões.

Cada missão vai três anos para cada localidade. Isto também muda a vida dessas comunidades?

Estes três anos têm também um propósito: que o primeiro ano seja um ano de acolhimento, em que os missionários se possam sentir acolhidos pela população, e vice-versa. O segundo ano é um ano de transformação, em que o nosso objetivo é criar vínculos naquelas pessoas, já lá estamos há um ano, elas já nos conhecem e podemos fazer um trabalho com eles. E, depois, o terceiro ano é um ano de "envio", em que queremos deixar uma sementinha naquela localidade que foi missionada.

Há comunidades que criam, a partir da Missão País, projetos próprios. Por exemplo, campos de férias...

Exatamente. A Missão País, em si, é aquela semana, mas é um trabalho que continua. E é bom ver que também há missionários que se envolvem com a comunidade, que estão dispostos a continuar um trabalho lá, que criam campos que acompanham, que vão lá visitar as pessoas com quem criaram amizades fortes.

O trabalho que fazem é divido a vários níveis...

Nós dividimo-nos em comunidades quando chegamos, no início de semana de missão, e cada comunidade, que é um pequeno grupo de cerca de 50 missionários, vai ou à escola, ou às creches, aos lares, aos Centros de Dia, à Santa Casa da Misericórdia... Pomo-nos ao serviço daquilo que é preciso. À tarde, temos a atividade porta a porta, em que vamos ao encontro das pessoas, a casa das pessoas, fazer-lhes um bocadinho de companhia. Aprendemos muito com elas, também, e somos desafiados a sair da nossa zona de conforto. Um dos grupos fica prepara um teatro, para no fim ser apresentado à localidade. E temos vários momentos de oração e partilha, missa diária, oração do terço...

Quer deixar alguma mensagem para eventuais jovens interessados em participar, em próximas edições?

Este projeto da Missão País é um projeto fantástico, que tem crescido imenso, e é muito bom ver como muitos destes jovens que vão, muitas vezes, fazem-no na única semana de férias que tinham. Abdicam dela para se pôr ao serviço dos outros. E, de facto, não há ninguém que saia de lá arrependido, mesmo havendo vezes em que não apetece tanto ir antes da semana começar. Quando sairmos de lá, vimos completamente transformados e com uma alegria enorme. De facto, fazer o bem também nos transforma e também nos ajuda muito.

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