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Berlengas têm novo habitante. É a primeira cria de uma ave ameaçada

19 fev, 2019 - 11:45 • Marta Grosso com SPEA

O nascimento faz da ilha um caso de sucesso no trabalho de conservação.

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“Esta cria é a prova viva de que podemos fazer a diferença”, diz Joana Andrade, coordenadora do Departamento de Conservação Marinha da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) e do projeto Life Berlengas.

Pela primeira vez desde que há registos, nasceu um roque-de-castro na ilha da Berlenga. Trata-se de uma das mais pequenas aves marinhas portuguesas e uma espécie ameaçada.

O roque-de-castro tem-se refugiado em pequenos ilhéus e ilhas, onde está a salvo de ratos, ratazanas e outros predadores trazidos pelos humanos. E a ilha da Berlenga tornou-se um porto seguro, também graças ao projeto Life Berlengas, coordenado pela SPEA.

Ali se têm desenvolvido trabalhos de conservação e o nascimento desta cria é tido como a prova do sucesso dos trabalhos de conservação desenvolvidos na ilha nos últimos quatro anos.

Até porque esta ave não encontrava, até agora, na ilha da Berlenga, condições para nidificar. Mas o trabalho da equipa do Life Berlengas conseguiu livrar a ilha de predadores.

Foi depois preciso que as aves descobrissem que a ilha era um porto seguro, pelo que foram usadas gravações de chamamentos da espécie para atrair roques-de-castro. Foram ainda construídos ninhos artificiais – estruturas que imitam as cavidades onde normalmente nidificariam.

Até agora, os únicos locais onde se conhecia a existência de ninhos de roque-de-castro eram os Açores, a Madeira e os Farilhões, pequenos ilhéus das Berlengas.

A estratégia do Life Berlengas parece ter resultado, mas a equipa não fica por aqui – vai continuar a restaurar a vegetação nativa e a acompanhar as aves marinhas.

Ao mesmo tempo, a SPEA está a colaborar com pescadores da região para evitar que aves como o roque-de-castro morram presas em aparelhos de pesca, e com operadores turísticos para garantir que os milhares de pessoas que visitam a Berlenga todos os anos tenham os cuidados necessários de modo a prevenir o regresso de predadores como ratos.

“Esperamos que esta cria seja a primeira de muitas”, diz Joana Andrade, acrescentando: “O sucesso da espécie na Berlenga depende de todos: visitantes, autoridades, operadores turísticos, pescadores… todos podemos ajudar estas aves a vingar.”

O roque-de-castro é uma ave escura com uma faixa branca no dorso. Passa a maior parte da vida no mar e poucas pessoas poderão afirmar já ter visto algum. É que, mesmo quando vêm a terra, para se reproduzir, estas aves continuam a ser esquivas.

O ninho é feito em cavidades de escarpas inacessíveis ou em fendas nas rochas em ilhas desertas, para se manter a salvo dos predadores.

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