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Consórcio europeu cria soluções que prolongam vida de pontes metálicas e mistas

19 fev, 2019 - 10:59 • Lusa

As soluções "permitem uma melhoria muito significativa do desempenho estrutural” das travessias e podem aumentar “o ciclo de vida deste tipo de pontes, com toda a segurança, em mais de 50 anos".

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Um consórcio europeu desenvolveu soluções que prolongam a vida útil das pontes metálicas e mistas. O consórcio integra investigadores da Universidade de Coimbra, de uma universidade sueca e por cinco empresas, foi anunciado nesta terça-feira.

"Um conjunto de soluções que garantem às pontes metálicas e mistas (aço e betão) antigas um prolongamento considerável da sua vida útil" foi desenvolvido por um consórcio internacional, revela a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) numa nota enviada à agência Lusa.

O consórcio é constituído por investigadores da FCTUC e da Luleå University of Technology, na Suécia, bem como por cinco empresas das "áreas de projeto de estruturas e de produção de elementos em aço", sediadas na Áustria, na Holanda, na Itália, na Suécia e no Luxemburgo.

A investigação surge no âmbito do projeto de investigação PROLIFE (Prolonging Life Time of old steel and steel-concrete bridges), financiado pela Comissão Europeia com quase um milhão de euros.

Através de técnicas de reforço inovadoras, que combinam diferentes estratégias de reabilitação, as soluções "permitem uma melhoria muito significativa do desempenho estrutural de pontes metálicas e mistas em fim de vida", assegura Carlos Rebelo, coordenador da equipa portuguesa e professor no Departamento de Engenharia Civil da FCTUC.

"Dependendo da intervenção que se adotar, a metodologia de reforço que propomos aumenta o ciclo de vida deste tipo de pontes, com toda a segurança, em mais de 50 anos", sublinha, citado pela FCTUC, Carlos Rebelo.

As intervenções propostas pelo consórcio foram alvo de "longos ensaios e testes à escala real em quatro pontes antigas", refere a FCTUC, adiantando que, em Portugal, "o caso de estudo foi o da ponte da Portela, em Coimbra" (travessia rodoviária, sobre o Mondego, inaugurada em 1873 e desativada em 2004).

"A reabilitação de pontes antigas, obsoletas, é de elevada complexidade, pois entram muitos elementos na equação".

Geralmente, "devido à falta de conhecimento e experiência, as pontes mais antigas foram dimensionadas sem tirar partido do benefício estrutural obtido com o comportamento misto, ou seja, não existe interação entre os componentes em aço e os componentes em betão, devido, principalmente, à falta de dispositivos que garantam a transferência das forças de corte longitudinal", explica Carlos Rebelo.

As técnicas convencionais "implicam a remoção parcial do betão, a interrupção do tráfego e eventualmente a destruição da armadura transversal da laje, pelo que foram estudadas soluções alternativas", acentua o investigador.

Entre as várias opções, foi também estudado "o uso de treliças horizontais entre os banzos inferiores das longarinas das pontes em viga, as quais tornam a secção transversal mais rígida no que respeita aos efeitos da torção, permitindo reduzir significativamente os esforços de fadiga gerados pelo tráfego", acrescenta o especialista em engenharia de estruturas e coordenador do projeto PROLIFE.

Os investigadores desenvolveram ainda uma estratégia inovadora de reforço estrutural que permite colocar novos materiais em contacto com os componentes originais (antigos), melhorando a performance das velhas pontes, refere a FCTUC.

Carlos Rebelo observa que a rede europeia de infraestruturas de transporte, rodoviária e ferroviária, é "caracterizada por uma grande variedade de pontes metálicas. Aliado ao facto de um grande número destas infraestruturas já ter períodos em serviço consideravelmente longos, os efeitos do envelhecimento dos materiais e o aumento do nível de tráfego são grandes desafios para que sejam mantidos os níveis de segurança estrutural, os requisitos de desempenho e a sua durabilidade".

Além disso, "muitas das pontes antigas estão identificadas como património cultural, o que significa que a sua substituição por uma nova infraestrutura não é facilmente aceitável".

Por outro lado, salienta ainda o investigador da FCTUC, "nem sempre a substituição da ponte original por uma nova é a solução mais vantajosa se se tiver em conta os custos de impacto ambiental associados ao ciclo de vida da estrutura, para além dos custos diretos associados à sua construção".

"Assim, urge a necessidade de desenvolver estratégias de reparação e reforço também numa perspetiva de sustentabilidade e preservação ambiental", conclui Carlos Rebelo.

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