16 fev, 2019 - 13:56 • Liliana Carona
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Fundada em 1987, a Escola Secundária de Vouzela, em Viseu, foi uma das escolas que subiram sempre no "ranking" e a escola pública que mais lugares escalou.
De acordo com os dados que a Renascença analisou, em 2015, esta escola estava em 358º lugar, em 2016 em 289º, em 2017 em 102º lugar e, este ano, assume o 40º lugar.
A Renascença foi visitar esta escola que, no começo da primavera, vai ser alvo de obras de requalificação.
O silêncio como segredo do sucesso
Não fossem as indicações das placas sinalizadoras, dificilmente se chegaria à Escola Secundária de Vouzela, bem deslocalizada do centro da vila. Subimos uma rua altaneira, por vezes estreita, onde não se ouvem outros ruídos que não sejam os dos pássaros, apesar da localidade ter visto arder 90% da sua área nos incêndios do dia 15 de outubro de 2017.
Só mesmo o toque da campainha interrompe a banda sonora da natureza pura da vila de Vouzela, onde para encontrar a escola secundária é preciso deixar para trás o centro da vila, e caminhar uns dois quilómetros.
O silêncio é um dos segredos do sucesso, mas há outros. São três, apontados pelo presidente do concelho executivo, desde 2006, José Alberto Pereira.
“Apostamos numa cultura de autoavaliação, uma aposta no terceiro ciclo com perfil ajustado para o prosseguimento dos estudos, e também, apostamos na proximidade da direção com os alunos e corpo docente e não docente”, explica o responsável.
A subida para o 40º lugar nos "rankings" faz da Escola Secundária de Vouzela, com 400 alunos, do 7º ao 12º ano, uma das melhores do distrito de Viseu. Mas voltamos aos segredos do sucesso de uma escola que tem um slide e uma horta pedagógica.
Para a professora de português, Ângela Carvalhas, 62 anos, docente há 44, o segredo é a língua portuguesa andar de mãos dadas com a matemática. “Eu gosto de trabalhar com eles, a linguística é matemática, por isso os raciocínios, eles memorizam a gramática e não compreendem que há uma lógica e essa lógica é a matemática”, considera a professora de português, que elogia os bons resultados quer na sua disciplina, quer em matemática.
Manuela Ferreira, uma auxiliar de 57 anos e há 13 anos nesta escola, considera que o mais importante é a paisagem onde descansa a vista.
“O sítio onde estamos. Não há ruído, estamos no campo, ao ar livre, é pacífico e agradável trabalhar aqui”, destaca.
Na hora do intervalo, uma turma do 10º ano, Diogo Almeida e Márcia Lopes, aos 15 anos, também descrevem um clima de paz. “Sinto-me bem, a adaptação foi muito fácil. Ao sermos uma turma pequena, damo-nos todos bem, é uma escola pacífica, nunca assisti a nenhum problema entre alunos, somos todos amigos”, assegura enquanto abraça a colega do lado.
Beatriz Matos, da mesma turma, vai mais longe e dá o próprio exemplo para justificar a qualidade da escola que frequenta: “Antes gostávamos de ser controversos, está a perceber? Agora se me disserem que não é por ali, dou a volta”, diz sorridente.
Atento à turma de 10º ano, o professor de Físico-Química, Jaime Gomes, 50 anos, elege a curiosidade como a mais valia do ensino. “Motivá-los a querer saber cada vez mais e melhor e isso leva-os ao sucesso e a ter uma boa profissão”, garante o professor, interrompido por Beatriz. “Já me disseram que tinha aptidões para ser jornalista, ainda pensei, mas não, é melhor não”, conclui, sem saber ainda o que vai seguir daqui a três anos.
Na Escola Secundária de Vouzela, alunos, diretores e auxiliares falam sem papas na língua uns com os outros, e também no jornal o “Diálogo” e na rádio da escola.