15 fev, 2019 - 07:58 • Lusa
O medo e a legitimidade de ter medo dominam a peça para crianças “Mau, mau, Lobo mau!”, em cena no Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, a partir de sábado até 23 de março.
A peça fala “sobre o medo e a legitimidade de se ter medo”, disse à agência Lusa a encenadora Catarina Requeijo, que põe em cena uma colagem de textos escritos por Inês Fonseca Santos e Maria João Cruz, a partir de histórias e contos infantis.
A ação centra-se numa menina que não tem medo de nada e que anda à procura de ter medo de alguma coisa, até que se encontra com um lobo que devia provocar-lhe medo, mas que não consegue fazê-lo, acrescentou a encenadora.
Questionada sobre a influência de “O capuchinho vermelho”, Catarina Requeijo admite que a peça se inspira numa figura de um lobo mau e em outras histórias para crianças que falam sobre o medo, já que este foi o ponto de partida para o trabalho.
“E é dessa colagem de várias histórias que surge a dramaturgia do espetáculo”, observou.
A escolha do medo, como tema, era evidente para Catarina Requeijo. A encenadora argumentou que este “é estruturante no crescimento pessoal das crianças, bem como no de todos os seres humanos e até dos animais”.
O medo “é o que nos faz não nos atirarmos de uma janela", disse à Lusa. "É o que nos protege de uma série de coisas. Por isso achámos interessante falar sobre o medo nesta fase da infância dos três aos seis anos”, argumentou.
Falar de medo para que se possa ultrapassá-lo, assimilá-lo, integrá-lo. “Tudo depende da forma como se encara a questão”, sublinhou. Abordar o medo, "para que as crianças percebam que é uma coisa normal”, acrescentou, alegando que se fala muito pouco sobre o medo.
A peça, dirigida a famílias com crianças dos três aos seis anos, vai estar em cena no Salão Nobre, e é o quarto trabalho do projeto “Boca Aberta”.
Trata-se do primeiro de dois espetáculos produzidos pelo D. Maria II, este ano, no âmbito do projeto pensado para a infância. Em 11 de maio estrear-se-á o segundo, “Falas estranhês”, que ficará em cena até 1 de junho.