15 fev, 2019 - 07:50 • Isabel Pacheco
O antigo ministro da Justiça, Laborinho Lúcio, e o teólogo Frei Bento Domingues são homenageados pela Universidade do Minho, esta sexta-feira, com o Doutoramento Honoris Causa. Um reconhecimento pelo percurso de vida das duas figuras.
Adepto da teologia “interrogativa”, Frei Bento Domingues não poupa nas questões mas o mais importante, sublinha, é “saber escutar”. Esta é uma dificuldade dos dias de hoje, reconhece o teólogo que, há muito, riscou a palavra “definitivo” do vocabulário.
“Só quando é para gozar”, brinca o dominicano que diz que “não há nada de definitivo”. “Nem a morte acredito que seja definitiva”, explica-nos o teólogo, que defende que o nosso papel é o de fazer questões e ter um “espirito permanente de escuta”.
Uma escuta, a mesma, explica-nos Frei Bento, que faz do Papa Francisco um “génio da comunicação” e que deve ocupar mais espaço na Igreja, tal como as mulheres. “Há um batismo para mulheres e outro para homens? Não, e esse é o sacerdócio fundamental”, argumenta.
A maior participação das mulheres na Igreja é defendida pelo “teólogo das periferias”, como lhe chama Moisés Martins, do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho, que atribui ao dominicano esta sexta-feira o Doutoramento Honoris Causa.
A homenagem da academia minhota é partilhada com Laborinho Lúcio, que também recebe o mesmo título e que aproveita o momento para pedir à sociedade “mais compromisso” e “mais cidadania ativa” na defesa de valores e direitos.
"Fomos criando um quadro de valores fundamentais nos quais inspiramos o estado de direitos e os direitos humanos e temos de universalizar isso. Temos de colocar toda a gente a ter um compromisso com esses valores, a compreendê-los e a ser resistente a quem possa querer pô-los em causa”, analisa.
O antigo ministro da Justiça é, igualmente, homenageado pela Escola de Educação da Universidade do Minho. Um reconhecimento, justifica Moisés Martins, para lembrar que a vida de Laborinho Lúcio “não se ficou só pelo Direito”.