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Jornalista crítica do regime filipino detida na redação por “difamação cibernética”

13 fev, 2019 - 16:29 • Tiago Palma

O Presidente filipino Rodrigo Duterte acusou por diversas ocasiões o Rappler, site de notícias que Maria Ressa dirige, de ser um “fabricante de notícias falsas”.Ressa foi um dos jornalistas escolhidos pela revista Time como Personalidade do Ano por denunciar "destemidamente" os crimes do regime.

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A jornalista Maria Ressa, diretora do site de notícias Rappler e uma das principais críticas do regime do Presidente filipina Rodrigo Duterte, foi esta quarta-feira detida na redação, acusada de “difamação cibernética”.

A jornalista denuncia que a sua detenção não será mais do que uma “perseguição” movida por Duterte, que publicamente a vem acusando (e ao Rappler) de ser “fabricante de notícias falsas”.

Apesar das muitas tentativas para deixar a prisão sob fiança, o facto de a detenção ter ocorrido já ao final da tarde, quando a generalidade dos serviços públicos se encontrar já encerrada, obrigará a jornalista a permanecer pelo menos esta noite detida, enquanto aguarda ser ouvida por um juiz.

Apesar de em 2018 Maria Ressa ter sido acusada pelo regime filipino de cinco alegados crimes de evasão fiscal, a detenção desta quarta-feira (ao abrigo de uma lei sobre “ciberdifamação”) resulta de um artigo publicado no Rappler há já sete anos, uma investigação sobre as relações promiscuas (ligadas ao tráfico de drogas e pessoas) entre um empresário, Wilfredo Keng, e um antigo juiz do Supremo Tribunal das Filipinas.

A investigação foi aberta inicialmente em 2017, encerrada pouco depois, e reaberta em março de 2018 pelo NBI, a agência federal de investigação filipina.

Entretanto, o Sindicato de Jornalistas filipino declarou a detenção de Maria Ressa como “um ato desavergonhado de perseguição por um Governo ameaçador”. E acrescentou, em comunicado: “Este Governo, dirigido por um homem [Rodrigo Duterte] que se tem mostrado avesso à crítica e à diferença de opiniões, mostra agora que está disposto a chegar a níveis ridículos para silenciar à força um jornalismo crítico e esmagar a expressão e o pensamento livres.”

O Governo de Duterte, recorde-se, declarou guerra ao tráfico de droga no país, sendo o Rappler o principal crítico desta posição, acusando muitas vezes a polícia (bem como as milícias apoiadas por Duterte) de ser a responsável por milhares execuções extrajudiciais de pequenos consumidores e traficantes de droga.

Maria Ressa foi um dos jornalistas escolhidos pela revista Time como Personalidade do Ano, escolha que deveu à sua “destemida divulgação da máquina de propaganda de Rodrigo Duterte e das execuções extrajudiciais”.

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