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"É um crime de lesa-pátria o que se tem passado no SNS", acusa Santana Lopes

09 fev, 2019 - 23:02

Ataques à "frente de esquerda" e disponibilidade para coligações à direita, avisos ao atual Presidente e um ajuste de contas com o antigo Presidente Jorge Sampaio marcaram o discurso de Santana Lopes no congresso fundador do partido Aliança.

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O líder da Aliança, Pedro Santana Lopes, classifica a "degradação" do Serviço Nacional de Saúde (SNS) como um "crime de lesa-pátria", originado pelo sacrifício às metas do défice imposto pelo ministro das Finanças, Mário Centeno.

Na primeira intervenção no congresso fundador da Aliança, que decorre em Évora, o antigo primeiro-ministro disse que até admitiria elogiar os 0,6% de défice conseguido por Mário Centeno "se não fosse a degradação" das condições de vida da sociedade, designadamente no SNS.

"É um crime de lesa-pátria tudo o que se tem passado no Serviço Nacional de Saúde", sustentou, defendendo que a situação só poderá ser invertida com crescimento económico sustentado, que tem de ser um "desígnio nacional" e envolver "vontade política e convicção" dos dirigentes partidários.

O antigo primeiro-ministro pede ao Presidente da República para não exagerar na solidariedade com o Governo, ao aludir à convergência de Marcelo Rebelo Sousa com o executivo na questão da greve dos enfermeiros.

"Sempre defendi e defendo a solidariedade institucional entre Presidente da República e Governo, mas não é preciso exagerar, é preciso equilíbrio", frisou.

Santana não gostou de ver Marcelo "saltar como saltou" na questão da greve dos enfermeiros, recordando que o executivo de António Costa trata com "dois pesos e duas medidas" a bastonária da Ordem, Ana Rita Cavaco, e o "senhor da Fenprof", Mário Nogueira.

Fez ainda um ajuste de contas com o passado e deixou ainda uma crítica direta a Jorge Sampaio. O líder do Aliança considera Portugal poderia estar "muito diferente", para melhor, se o antigo Presidente da República não tivesse dissolvido o parlamento e provocado a queda do seu Governo em 2004.

"Se o então Presidente da República, em 2004, não tivesse feito o que fez, o país estaria hoje muito diferente, de certeza absoluta", acentuou Pedro Santana Lopes.

O líder da Aliança apontou baterias à corrupção e defende que os titulares de cargos públicos têm que dar o exemplo, porque "não há pior vergonha do que alguém que recebe o poder dos seus concidadãos e segue a estrada da corrupção. É uma vergonha e tem de ser severamente punido".

Quer apertar o certo ao enriquecimento ilícito e, para tal, considera que é preciso seguir por "novos caminhos" para escrutinar quem "enriquece não se sabe como". "Se mudou de vida, não saiu euromulhões tem obrigação – se está tudo certo e limpo – tem a obrigação de ser escrutinado e explicar como isso aconteceu", sublinhou.

No arranque do discurso, Santana Lopes confessou-se "esmagado, no bom sentido", com o que tem visto no congresso e com as mensagens que tem recebido de todo o país.

Lançou um forte apelo aos abstencionistas e deixou uma garantia: “cumprir na ação o que se promete na eleição".

O Congresso da Aliança começou este sábado e termina no domingo na Arena d´Évora.

Comentários
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  • Anónimo
    10 fev, 2019 03:40
    Ai se a hipocrisia matasse...

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