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​Glaciar no vale que dá acesso ao campo base do Everest já abateu mais de 100 metros em 25 anos

04 fev, 2019 - 17:41 • José Carlos Silva

O alpinista João Garcia, que esteve 48 vezes no Nepal, é testemunha de um degelo para que chamam agora a atenção 350 cientistas.

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A notícia está a dar a volta ao mundo: 350 cientistas estudaram durante 5 anos o degelo na cordilheira dos Himalaias e concluíram que, dentro de cerca de 80 anos, um terço do gelo neste que é conhecido como “o terceiro pólo” terá derretido.

A causa é conhecida e dá pelo nome de aquecimento global. Os cientistas dizem que esta é a crise climatérica de que quase ninguém fala, mas que pode colocar em risco a vida de dois mil milhões de pessoas.

O alpinista português João Garcia já deu de caras com esta realidade. Em 25 anos e 48 viagens ao Nepal, e dezenas de escaladas, conta que no vale do Khumbu, no nordeste do Nepal, vê-se a olho nu os efeitos das alterações climáticas. À Renascença, explica que “já abateu mais de 100 metros" e adianta: "O glaciar está praticamente a morrer, a evaporar-se.”

Para que não restem dúvidas, João Garcia lembra que não se apoia em fotografias, mas na sua própria experiência: “É assustador. Uma coisa é vermos a informação científica, ou a informação registada. Outra coisa é a nossa memória em 25 anos.”

Para o alpinista português, todo o gelo “abaixo dos 6.000 metros está a desaparecer”. E há outros riscos no degelo de que muito pouco se fala, como por exemplo o “risco invisível" do que está a acontecer dentro do próprio glaciar. "Há lagos dentro do glaciar, como se fossem gigantescas bolhas de água, retidas por diques que um dia cedem.”

As populações, essas, continuam a viver as suas vidas como se nada fosse. João Garcia tem uma explicação: “É mais fácil ver que os nossos sobrinhos cresceram do que os nossos filhos, porque os nossos sobrinhos não vemos com tanta regularidade quanto os nossos filhos.” Ou seja, vive-se com o perigo a crescer diariamente e mal se dá por isso.

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