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Papa visita lar de jovens. “Estar aqui é tocar o rosto silencioso e materno da Igreja”

27 jan, 2019 - 15:49 • Filipe d'Avillez , Aura Miguel , Inês Rocha

Já depois da missa final da Jornada Mundial da Juventude o Papa deslocou-se ao lar O Bom Samaritano, que acolhe jovens em dificuldade.

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O Papa visitou este domingo o lar O Bom Samaritano, no Panamá, onde se encontrou com jovens em situação de risco, ou de pobreza, que são acolhidos por esta instituição.

A visita aconteceu logo depois da missa final da Jornada Mundial da Juventude, em que foi anunciado que será Lisboa a acolher a próxima edição, em 2022.

Partindo precisamente da parábola do Bom Samaritano, o Papa disse aos jovens que este, tal como a instituição que tem o seu nome, “mostra-nos que o próximo é, antes de tudo, uma pessoa, alguém com um rosto concreto e real, e não qualquer coisa a deixar para trás ou ignorar, seja qual for a sua situação. É um rosto que revela a nossa humanidade tantas vezes atribulada e ignorada. É um rosto que incomoda maravilhosamente a vida, porque nos lembra e coloca na estrada daquilo que é verdadeiramente importante, livrando-nos de banalizar e tornar supérfluo o nosso seguimento do Senhor.”

“Estar aqui é tocar o rosto silencioso e materno da Igreja, que é capaz de profetizar e criar casa, criar comunidade; o rosto da Igreja, que normalmente não se vê e passa despercebido, mas é sinal da misericórdia e ternura concreta de Deus, sinal vivo da boa nova da ressurreição que hoje atua na nossa vida”, disse Francisco.

Criança canta para o Papa em lar no Panamá
Criança canta para o Papa em lar no Panamá

Aos jovens utentes da instituição, Francisco falou também da importância de todos contribuírem para a manutenção da casa. “Criar ‘casa’ é criar família; é aprender a sentir-se unido aos outros, sem olhar a vínculos utilitaristas ou funcionais, de modo que nos faz sentir a vida um pouco mais humana. Criar casa é permitir que a profecia encarne e torne as nossas horas e dias menos rudes, indiferentes e anónimos. É criar laços que se constroem com gestos simples, diários e que todos podemos realizar. Como todos sabemos muito bem, uma casa precisa da colaboração de todos. Ninguém pode ficar indiferente ou alheio, porque cada qual é uma pedra necessária na sua construção.”

Para que isto funcione, considera o Papa, é necessário aprender-se a perdoar. “Isto implica pedir ao Senhor que nos conceda a graça de aprender a ter paciência, aprender a perdoar-nos; aprender cada dia a recomeçar. E quantas vezes temos de perdoar e recomeçar? Setenta vezes sete, todas as vezes que for necessário. Criar relações fortes requer a confiança, que se alimenta diariamente de paciência e perdão.”

Como costuma fazer aos domingos, o Papa rezou o Angelus com os presentes no lar e, no final, referiu a recente tragédia na cidade de Brumadinho, no Brasil, onde várias pessoas morreram, e centenas continuam desaparecidas, devido ao rebentamento de uma barragem.

Francisco recordou as vítimas de um atentado terrorista numa catedral das Filipinas, em plena missa, e referiu também o facto de dia 27 de janeiro ser o Dia Internacional de Comemoração da Memória das Vítimas do Holocausto. “Temos de manter viva a memória do passado e aprender com as páginas negras da história, para não voltar a cometer os mesmos erros”, disse Francisco.

“Continuemos a esforçar-nos, sem descanso, por cultivar a justiça, aumentar a concórdia e promover a integração, para sermos instrumentos de paz e construtores de um mundo melhor”, concluiu.

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