24 jan, 2019 - 11:06 • José Pedro Frazão , Cristina Nascimento
Há três anos Marcelo Rebelo de Sousa foi eleito Presidente da República. Um caminho que começou a ser trilhado nos espaços de comentário aos domingos, na televisão. É o que conclui a professora universitária Rita Figueiras que lançou o livro “Efeito Marcelo”.
Nesta entrevista ao programa da Renascença “Da Capa à Contracapa”, a autora refere que o estilo “Presidente dos afetos” começou a tomar forma nesses espaços de comentário.
A professora recorda que “uma vez um pasteleiro levou uma torta gigante para o estúdio e [Marcelo] falou dessa torta e do pasteleiro e do seu trabalho; outras vezes em que também levava doces, bombons, oferecia alguns doces à própria jornalista”.
“Foi construindo uma relação de maior proximidade, de maior informalidade e muito centrada na relação humana. E de facto essa relação humana que hoje se reconhece no Presidente, com certeza ela já existiria fora das câmaras, mas ali, domingo após domingo, foi sendo construída nesta forma de maior proximidade da relação com o interlocutor que o atende ao longo dos vários domingos, com um pé no entretenimento”, reconhece.
Rita Figueiras considera que essa tendência de diminuir fronteiras entre espaços de informação e entretenimento é uma mais geral.
“Não foi só exclusivo do espaço de comentário de Marcelo Rebelo de Sousa. Eu diria que é uma tendência geral na televisão que nós vemos que é por um lado a informação tenta renovar-se integrando algumas das características do entretenimento, tal como o entretenimento hoje também se está a tentar reencontrar e afirmar incorporando espaços que anteriormente eram exclusivos do jornalismo”, analisa.
Mas pode a televisão “vender” um Presidente da República? Rita Figueiras não tem um sim ou um não para esta pergunta. “Depende de quem é o presidente ou o presidenciável, depende de quem é essa pessoa e depende também quem são os outros candidatos que estão a concorrer”, diz.
O livro “Efeito Marcelo” é uma edição da Fundação Francisco Manuel dos Santos.