17 jan, 2019 - 11:46 • Redação com Lusa
A organização não-governamental Human Rights Watch (HRW) adverte que "o mundo enfrenta uma séria ameaça autocrática".
Na conferência de imprensa de apresentação do relatório mundial sobre direitos humanos, referente a 2018, o diretor-executivo da HRW, Kenneth Roth, mostrou preocupação face ao crescimento das lideranças populistas que põem em causa os direitos humanos, destacando que a situação é particularmente preocupante na União Europeia.
"Não estou a dizer que todos os migrantes económicos têm o direito de entrar, mas os estados têm de perceber que, se se tratar de refugiados de violência e perseguição, essas pessoas tem o direito de pedir asilo", declarou o responsável da organização.
"O que me preocupa é que por causa do surgimento de políticas de extrema-direita se esteja a usar a emigração como bode expiatório de outros problemas que nada têm a ver com os migrantes", prosseguiu.
"Preocupa-me que grandes potências ocidentais estejam a cortar em tudo quanto se relacione com estes direitos fundamentais, mesmo países que, no passado, beneficiaram de proteção de refugiados", disse, ainda, Roth, apontando, de modo direto, o exemplo da Hungria: "Penso muito nos húngaros que fugiram para o Ocidente, durante o comunismo. De repente, Viktor Órban ignora a História vira as costas, simplesmente porque é mais conveniente numa perspectiva de política interna.".
Degradação nos Estados Unidos
O relatório da HRW também adverte para a degradação do respeito pelos direitos humanos nos Estados Unidos da América, devido à justiça discriminatória e à política interna e externa de Donald Trump em 2018.
Entre os factos que apontam para situações preocupantes de condições de direitos humanos estão as políticas anti-imigratórias, mandados de prisão em larga escala, sistema de justiça racista ou discriminatória e retirada de colaborações com autoridades e organizações internacionais.
No campo da justiça interna, as mulheres foram a população que mais aumentou nas cadeias, com um aumento de 700% de reclusas entre 1980 e 2016, alerta o documento.
Mais de dois milhões de pessoas estão nas prisões norte-americanas e cerca de quatro milhões em liberdade condicional, diz o relatório.