14 jan, 2019 - 17:38 • Ana Lisboa
A Associação dos Médicos Católicos Portugueses manifestou-se em comunicado, esta segunda-feira, contra uma possível legalização da canábis, alegando que “está amplamente comprovado cientificamente que a canábis causa lesões estruturais e funcionais no sistema nervoso central, nomeadamente, psicoses gravíssimas”.
Como tal, os médicos católicos admitem que “não podem aceitar que se legalize uma droga com efeitos tão nefastos para a saúde”.
Pedro Afonso, o presidente da AMCP, recorda que não se trata “da sua utilização para fins medicinais que, de resto, já foi aprovada na Assembleia da República e que, desta forma, está devidamente regulamentada e é feita, em casos excecionais, sob supervisão médica”.
“A sua legalização não vai reduzir o consumo, pelo contrário, vai aumentar” o número de pessoas que consomem esta droga, acrescenta.
Para este responsável, “a lei tem uma função pedagógica e seria uma contradição, eu diria mesmo, uma incoerência política, se o Estado desse agora um sinal contrário que é legalizar uma droga que está comprovadamente associada a efeitos negativos para a saúde pública”.
Por isso, defende que é importante que “nós, médicos católicos, alertarmos, porque tem havido um desinvestimento, principalmente junto dos jovens, dos efeitos negativos das drogas”.
Pedro Afonso lembra ainda que “em tempos foram feitas campanhas de sensibilização, mas neste momento o Estado abandonou um bocado esta atividade pedagógica que devia ser feita”.
O que se pretende, diz, é “uma sociedade livre de drogas e é esse o objetivo pelo qual devemos lutar todos em conjunto”, “lutar por um bem maior e não por um mal menor”. E “a droga é um mal e perante o mal não se deve vacilar, nem se devem fazer compromissos”.
Com este comunicado, os médicos católicos querem alertar a sociedade para “os riscos da legalização desta droga e também apelar aos deputados, porque não será só o Bloco de Esquerda que irá votar, mas também as restantes bancadas, para as consequências negativas de ser aprovada uma legislação como esta”.
“Acreditamos que há sentido de responsabilidade e que não há nenhum deputado que se queira associar a uma medida que, de alguma forma, possa piorar ainda mais esta luta que é de todos conta a droga e de capitular perante um objetivo que nós entendemos que é muito importante, que é lutar por uma sociedade sem drogas, uma sociedade em que se preserva a saúde dos cidadãos”.