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Instituto Espanhol. Pais forçam Ministério Público a "entrar" na questão dos horários

14 jan, 2019 - 09:49 • João Cunha

Os alunos não têm hora de almoço. Pais entregam exposição na Procuradoria-geral da República.

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Uma exposição suportada por 160 assinaturas é entregue esta segunda-feira, ao final da manhã, na Procuradoria-geral da República, pelos pais dos alunos do Instituto Espanhol.

O objetivo é levar a que o Ministério Público se interesse pela questão da imposição de novos horários pela direcção daquele estabelecimento de ensino.

A dois dias do arranque do ano lectivo, o Instituto Espanhol em Lisboa acabou com a hora de almoço para os alunos com mais de 11 anos, que passaram a ter jornada contínua: entram às 8h20 e saem às 15h15 sem hora de almoço. Neste período de, praticamente, sete horas, têm apenas dois intervalos de 15 minutos. A direção da escola nunca se mostrou disponível para explicar à Renascença as razões desta decisão.

O caso chegou à Comissão Nacional de Proteção das Crianças e Jovens, para quem o novo horário pode pôr em causa o desenvolvimento, bem-estar e saúde dos jovens.

De acordo com vários pais ouvidos pela Renascença, algumas crianças com diabetes terão começado a ter crises de hipoglicémia. Outras foram vítima de obstipações provocadas pelos largos períodos de tempo que passam sentadas. Algumas tiveram de ser encaminhadas para o Hospital.

Antes de ser aplicada a medida, os pais responderam a um inquérito feito pela escola e mais de 70% disseram que discordavam da decisão. Contudo, a direção manteve o novo horário a título experimental - pelo menos, durante este ano letivo.

Tânia Muñoz, mãe de duas alunas e psicóloga clínica, diz que "não é rentável" para as crianças "passarem tantas horas seguidas com tão poucos intervalos para irem à casa de banho, comerem, conviverem, descansarem o cérebro".

"Nenhuma criança consegue ter a rentabilidade necessária para ter boas notas, para estar feliz, com três horas de aulas, quinze minutos para respirar e depois mais três horas de aulas. Isto para não falar do comer", defende.

Tânia Muñoz diz que o método terá sido testado em Espanha, "mas não houve bons resultados", e lamenta que a escola não tenha ouvido os pais para perceber o impacto que o novo horário poderia ter nos alunos.

Outra mãe, Ana, lamenta a forma como a medida foi tomada a dois dias úteis do início do ano letivo, o que levou a que os pais se juntassem de forma espontânea no primeiro dia de aulas para contestar a decisão.

"Fizemos um recurso enviado para a Conselharia de Educação de Espanha em Portugal e diretamente ao Ministério da Educação em Espanha", conta.

Na semana passada, a direcção do Instituto Espanhol fez outra proposta de alteração: que o período de intervalo passasse a ser de meia-hora., em lugar dos 15 minutos.

No dia seguinte, os pais protestaram, numa concentração frente a uma das entradas da escola, pedindo uma hora de intervalo para almoço.

Comentários
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  • 16 jan, 2019 13:04
    160assinaturas? Num universo de mais de 1000 alunos? Não representam certamente a maioria dos pais.
  • Filho
    15 jan, 2019 Lisboa 10:23
    Não é verdade que os pais se tenham reunido de forma espontânea, NUNCA. Eu próprio recebi uma mensagem no dia anterior a convidar-me para me juntar à manifestação. Convém dizer que os alunos da ESO e do Bachillerato (do 7º ao 12º ano) andaram a lutar 7 ANOS para conseguirem sair mais cedo. Ah, e que o número de pais ultrapassa o milhar, portanto 160 pais não são sequer 10% dos pais. Muito mais haveria a dizer, mas acho que isto já é suficiente para deixar algumas pessoas a refletir sobre quais são os verdadeiros interesses de alguns destes pais signatários.
  • Miguel
    14 jan, 2019 Oeiras 15:15
    Que noticia espantosa!!! Uma petiçao assinada por 160 assinantes num universo de quantos alunos?? É isso qque o editorial deste orgao de comunicaçao social prezado e credivel como sempre foi deve procurar fazer. E nao andar a reboque os a favores de seus colaboradores.

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