10 jan, 2019 - 14:52
Os bispos da Igreja Católica no Congo contestam os resultados eleitorais oficiais que foram avançados e que dão a vitória nas eleições presidenciais ao candidato Felix Tshisekedi.
Cerca de 10 dias depois das eleições, a Comissão Eleitoral anunciou finalmente o vencedor, atribuindo a vitória a Tshisekedi, com uma pequena vantagem sobre Martin Fayulu.
A Igreja tem estado profundamente envolvida neste processo, tendo mesmo mediado o acordo que permitiu pôr termo à presidência de Joseph Kabila e a realização de eleições. Durante o último ato eleitoral a Igreja teve no terreno 40 mil observadores.
Segundo pelo menos três diplomatas consultados pela agência Reuters, e que tiveram acesso aos resultados da contagem feita pelos observadores da Igreja, quem obteve mais votos foi Martin Fayulu.
França e Bélgica juntaram as suas vozes às dúvidas expressas pela Igreja.
O candidato Fayulu disse que estava a ser vítima de um “golpe eleitoral” com o objetivo de lhe negar a presidência.
Os apoiantes de Fayulu suspeitam que Tshisekedi, que também era da oposição, tenha feito um acordo com Kabila, cujo candidato escolhido, Emmanuel Ramazani Shadary, terminou em terceiro lugar. O acordo envolveria a partilha de poder, evitando assim que o atual Presidente fique de mãos vazias depois da transição.
A equipa de Tshisekedi reconhece que esteve reunida com os representantes de Kabila desde a eleição, mas insiste que foi apenas para combinar uma transição pacífica, e que não houve qualquer acordo.
Frustrados, apoiantes de Fayulu insistem que não vão reconhecer a vitória de Tshisekedi e Fayulu está a contemplar um recurso ao tribunal constitucional da República Democrática do Congo.
Já um porta-voz do candidato Shadary disse que os seus apoiantes não estão satisfeitos com a derrota, mas que não contestam os resultados oficiais. “O povo escolheu”, disse Barnabe Karubi.
Joseph Kabila já disse que pretende manter-se ligado à política e poderá recandidatar-se nas próximas eleições, em 2023. Durante a campanha Tshisekedi – que herdou a liderança do partido União para a Democracia e o Progresso Social do seu pai, que se candidatou em três eleições contra os Kabila, sempre defendendo a democracia – afirmou que Kabila não teria nada a temer caso ele vencesse o escrutínio.