02 jan, 2019 - 18:34 • João Carlos Malta , Henrique Cunha
O presidente das Associação Portuguesa de Escolas de Condução (APEC), Alcino Cruz, afirma que está a escrever uma carta ao primeiro-ministro para que se tomem medidas que evitem mais mortes nas estradas como as que se verificaram durante a quadra festiva do Natal e Ano Novo.
“A ver se ele acorda e marca uma reunião com quem tem poder para legislar sobre isto”, afirma Alcino Cruz, que acrescenta que a missiva vai chegar amanhã ou nos primeiros dias da semana que vem.
Já o presidente do Automóvel Clube de Portugal (ACP), Carlos Barbosa, afirmou à Renascença que os exames de condução, tal e qual como estão, não servem.
“Há oito anos que andamos a tentar que se mude os exames de condução que são pouco rigorosos e que se altere o ensino da condução que está totalmente ultrapassado”, diz Carlos Barbosa, numa análise aos dados da sinistralidade rodoviária durante a quadra festiva.
Alcino Cruz concorda que as escolas de condução não formam bem “porque ensinam para os exames" e isso favorece as instituições.
“Os exames teórico e prático são deficientes, enquanto tivermos estes exames vão morrer mais pessoas”, afirma.
Para Alcino Cruz, o problema está nos exames, e no facto de o legislador em 1998 ter feito com que as aulas práticas comecem no centro e depois sigam para a periferia.
“Há candidatos que não se cruzam com pessoas e animais”, argumenta.
O presidente da APEC diz que é preciso acabar com os circuitos pré-definidos, e “as pessoas conhecem o exame de cor.”
No Natal e Ano Novo, morreram 23 pessoas nas estradas, o dobro do que aconteceu na época festiva de 2018, tendo-se voltado a números de 2007.
Este ano, o Governo vai aumentar o investimento nas estradas para 186 milhões de euros, mais 50% do que entre 2011 e 2015.
Quanto aos números da sinistralidade dos últimos dias de 2018, o Governo reconhece que são preocupantes, mas garante que não se agravaram apesar do aumento de tráfego nas estradas e até salienta que “há menos 100 feridos graves”.