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Nas Samoas, viver a primeira e última passagem do ano é bem possível

30 dez, 2018 - 22:00 • Rui Barros

As duas ilhas distam cerca de 80 quilómetros, mas isso não as impede de entrar em 2019 com 25 horas de diferença. Viajar entre as duas ilhas é possível. E, por isso, celebrar a dobrar também.

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Quando na cidade de Pago Pago, na Samoa Americana, soarem as 12 badaladas, já o vizinho Estado Independente de Samoa estará há 25 horas em 2019. Os aproximadamente 80 quilómetros que dividem as duas ilhas não impedem, no entanto, que os estados celebrem o Ano Novo com mais de um dia de diferença. Tudo porque, pelo meio, está a Linha Internacional de Data, uma linha imaginária que implica uma mudança de data obrigatória ao cruzá-la.

As duas ilhas do pacífico tornam-se assim, respetivamente, o primeiro e último lugar a entrar no novo ano de 2019.

“É bastante curioso. É um verdadeiro evento porque somos ilhas vizinhas. Estamos a cerca de uma hora de viagem de avião da nossa ilha irmã de Samoa”, explica Ho Ching, uma jovem habitante da Samoa Americana, à Renascença. Nas redes sociais e nos sites de amantes de viagens são várias as pessoas que questionam se estão autorizados pelas autoridades a enganar o relógio e, com isso, celebrar dois “Reveillons”.

Mas nem sempre foi assim. O território não incorporado dos Estados Unidos e o Estado Independente da Samoa costumavam ter o mesmo fuso horário até ao dia em que o governo de Samoa decidiu, em 2011, apagar o dia 30 de Dezembro do calendário e passar para o lado oeste da linha do Tempo Universal Coordenado para ficar mais próximo da Austrália e da Nova Zelândia, principais parceiros económicos.

A Samoa Americana tornou-se assim, a par da Ilha Midway e Niue, no último lugar a celebrar o Ano Novo, uma vez que a Ilha Baker e a Ilha Howland não estão habitadas.

As celebrações passam, essencialmente, por ir à Igreja, já que, como explicou à Renascença Marietta Lafaele, gestora do portal e das redes sociais do governo da Samoa Americana, “o ano novo é um conceito mais ocidental”.

“É tradição, todos os anos, irmos à igreja para agradecer a Deus por nos ter dado mais um ano. As igrejas abrem por volta das 18h00 e ficam abertas até à meia-noite. Não vês muitas pessoas na rua a beber. Depois de rezar ouvirás alguns fogos-de-artifício e sinos a tocar ao longo de toda a ilha”, revela Marietta.

Lá, como cá, as imagens das capitais mundiais, com fogos de artifício, espumante e muita euforia ao toque das 12 badaladas chegam às televisões dos habitantes da Samoa Americana. Mas, garante Lafaele, na ilha da Polinésia as celebrações são um pouco diferentes. “Vês pessoas a passar algum tempo nas capelas a agradecer a Deus por mais um ano de prosperidade e de coisas boas”, relata a gestora da página de Facebook da Samoa Americana.

Uma guerra do tempo
As disputas por fusos horários podem tornar-se em conflitos políticos acesos, em especial com o aproximar da passagem de ano, com vários países a reclamar para si o título de primeiro lugar a entrar no ano novo.

A discussão aqueceu de forma especial com a entrada no novo milénio quando as Ilhas Chatham da Nova Zelândia, Tonga, Fiji e o Kiribati lutaram pelo título de primeiro lugar a entrar no novo milénio.

A mudança de fuso horário do Estado Independente de Samoa coloca agora a capital Apia na linha da frente dos primeiros lugares a entrar em 2016, ao lado de Kiritimati (Kiribati), Nukualofa (Tonga). Do outro lado, na Samoa Americana, fica, no entanto, a certeza: o último pôr-do-sol de 2018 pode ser visto lá.

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