24 dez, 2018 - 21:00 • Ângela Roque
O Cardeal Patriarca de Lisboa comparou esta segunda-feira as dificuldades por que passaram Maria e José, quando Jesus estava para nascer, com a situação de não acolhimento com que na atualidade se deparam tantas pessoas no mundo, nas mais diversas situações.
“Ele nasceu numa pequena terra, Belém de Judá, em condições muito humildes, muito discretas”, e “numa manjedoura, porque não havia lugar para Ele na hospedaria”, mas mais de 2000 anos depois “há tantas circunstâncias em que esta hospedaria não existe, no sentido figurado, mas nem por isso menos real, de acolhimento, de proteção, de apoio que devíamos garantir uns aos outros”, lembrou D. Manuel Clemente na tradicional mensagem de Natal que foi transmitida pela rádio Renascença e pela RTP.
“As nossas cidades estão cheias de gente que não encontrou lugar na hospedaria”, considerou ainda o Cardeal, alertando para as muitas “solidões” que existem, “por velhice, por falta de companhia”, mas também “no aspeto profissional, porque não têm trabalho”, ou “nos cuidados que lhes haviam de ser prestados e não se conseguem prestar”. Situações que só a atitude de acolhimento pode evitar e combater, para que ninguém fique de fora - “fora de um teto que os abrigue, fora dos cuidados que todos precisam, fora daquele acompanhamento que cada vida deve ter no seu curso natural e em todas as suas fases”, afirmou.
Lembrando que não é por acaso que o nascimento de Jesus se celebra nesta altura - “é quando os dias começam a crescer de novo” e há um “renascimento do tempo, das coisas, e também das expectativas” -, D. Manuel fez referência aos 70 anos da Declaração Universal dos Direitos do Homem, que reflete os valores da “tradição cristã”. E dirigindo a mensagem a todos os cristãos, mas também aos que professam “outros credos” e a “todas as pessoas em geral”, deixou um desafio: “levemos o Natal muito a sério”, e “façamos deste mundo a albergaria onde todos caibam”.