Emissão Renascença | Ouvir Online
A+ / A-

Exército chamado a resolver problema com drones que pararam aeroporto de Gatwick

20 dez, 2018 - 07:39 • Redação

Mais de 110 mil passageiros já foram afetados. Efeitos da quebra de segurança podem durar mais de 24 horas, em plena época natalícia.

A+ / A-
Drones suspendem voos em aeroporto de Londres
Drones suspendem voos em aeroporto de Londres

O Exército britânico foi chamado a intervir no aeroporto de Gatwick, nos arredores de Londres, em apoio à polícia para resolver o problema com os drones que, esta quinta-feira, afetaram os voos de mais de 110 mil passageiros.

O ministro britânico da Defesa, Gavin Williamson, confirmou que o pedido foi recebido e que as tropas já estão a ser mobilizadas para o aeroporto.

"Posso confirmar que a polícia de Sussex pediu apoio por causa do incidente com drones em Gatwick e que vamos fornecer esse apoio. Não posso avançar pormenores sobre o que vamos fazer, mas posso dizer que as forças armadas têm uma série de capacidades únicas que serão postas em prática para resolver esta situação."

Os voos no aeroporto de Gatwick, em Londres, estão suspensos desde a noite de quarta-feira por questões de segurança, devido à presença de dois drones a sobrevoar o aeroporto, o que deixou milhares de pessoas retidas, a poucos dias do Natal.

A polícia acredita que as ações foram deliberadas, mas diz que “não há indícios de que estejam relacionadas com terrorismo”. Mais de 20 unidades estão à procura dos operadores dos drones, numa altura em que ainda não se sabe quando é que o aeroporto retomará a sua atividade normal.

O Eurocontrol, a agência que gere o espaço aéreo europeu, diz que antes das 22h00 o aeroporto britânico de Gatwick não irá reabrir. Já a autoridade aeroportuária de Gatwick não avança com qualquer prazo.

Conselhos aos viajantes

Sabe-se que o aeroporto vai permanecer encerrado até, pelo menos, às 19h desta quinta-feira.

A companhia aérea TAP recomenda a todos os passageiros que confirmem as suas viagens de e/ou para este aeroporto em Londres.

À Renascença, Francisco Pereira, passageiro português de um dos voos com partida prevista de Gatwick que hoje se viu afetado pelo problema e que teve de seguir para o aeroporto de Heathrow a fim de conseguir viajar para Portugal, diz que o caos se instalou no aeroporto.

"Cheguei ao aeroporto às 11h da manhã, o aeroporto já estava de sobreaviso desde ontem à noite. Basicamente o aeroporto está em estado de sítio, está um caos, está inutilizado. Não é um tanto aeroporto, é mais um armazém de pessoas, não há nenhuma organização."

Francisco Pereira critica a falta de informações por parte da TAP, a companhia em que tinha voo marcado. “Não vi nenhum funcionário da TAP. A TAP tinha uma fila de pessoas onde não estava qualquer funcionário. As pessoas estavam todas confusas e à espera, a fila do check-in não avançada e, a dada altura, o símbolo da TAP desapareceu do monitor e percebemos que a TAP de desinteressou de Gatwick”.

Este passageiro recorreu à internet, e à mãe que trabalha numa agência, para tentar perceber o que se estava a passar e acabou por conseguir uma ligação em Heatrow, outro aeroporto de Londres.

As descolagens e aterragens foram suspensas por motivos de segurança e vários voos foram desviados para outros aeroportos do Reino Unido e até mesmo para Paris e Amesterdão. Nenhuma partida está a ser efetuada.

A imprensa britânica aponta que mais de 110 mil passageiros já foram afetados, incluindo passageiros de cinco voos com partida prevista de aeroportos portugueses.

Castigos vão até 5 anos de prisão

Reagindo esta tarde ao sucedido em Gatwick, a primeira-ministra britânica, Theresa May, lembrou que a lei é clara e que quem for apanhado a operar drones junto a aeroportos será punido com uma pena de prisão de até 5 anos.

Gatwick é um dos aeroportos mais movimentados do mundo. A administração pede desculpa pelo incómodo, salientando que a segurança dos passageiros é “a principal prioridade”, mas não avança quando é que as ligações vão ser restabelecidas. O aeroporto admite que os efeitos desta falha de segurança podem durar mais de 24 horas.

No Reino Unido, o número de “quase acidentes” entre drones e aeronaves mais do que triplicou entre 2015 e 2017. Só no ano passado registaram-se 92 incidentes, de acordo com o UK Airprox Board.

Em Portugal este também é um problema crescente e de difícil resolução, reconhece a Associação de Pilotos da Linha Aérea.

À Renascença, o comandante Durval Ribeiro advoga que sejam criadas brigadas rápidas juntos aos aeroportos nacionais para capturar potenciais infratores.

"Não há soluções ideias e não acreditamos que a 100% consigamos resolver esta questão mas temos de caminhar para lá. Espero que brevemente tenhamos pelo menos algumas formas [de lidar com o problema] e é nesse sentido que todas as autoridades, entidades e instituições aeronáuticas estão neste momento preocupadas e a trabalhar."

A legislação não falta, aponta ainda Durval Ribeiro, o que falta é fiscalização.

"Hoje em dia já foram dados os dois passos fundamentais mas falta um terceiro, o da fiscalização. Passou-se pela fase da sensibilização e de implementação da legislação e agora temos de melhorar a fiscalização, para aqueles que não obedecerem às regras ou prevaricarem e colocarem em risco a segurança do transporte aéreo."

Questionado sobre a quem cabe essa fiscalização, o comandante destaca que "caberá aos Estados-membros da União Europeia", numa ação concertada para dar resposta aos crescentes riscos representados por estes aviões não tripulados.

[notícia actualizada às 16h30]

Tópicos
Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+