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Padre Armando, o novo bispo auxiliar do Porto, gosta de Pedro Abrunhosa e vai fazer roteiro das francesinhas

16 dez, 2018 - 14:17 • Liliana Carona

Saiba quem é novo bispo auxiliar do Porto. De onde vem, o que fez, e o que pensa. O retrato de um "bom comunicador".

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Peça de Liliana Carona sobre o padre Armando, futuro bispo auxiliar do Porto - 15/12/2018

O padre Armando Domingues é descrito pelos paroquianos como um “bom comunicador e simpático”. Nomeado Bispo Auxiliar do Porto, este domingo, é o responsável por ter edificado uma igreja na paróquia de Nossa Senhora do Viso, em Viseu, onde esteve mais de 10 anos.

O pároco confessa que a ordenação “foi um choque”. Não tem dormido e assume que está nervoso na véspera do grande dia da ordenação episcopal.

“O padre Armando é um pároco exemplar, ele sabe interagir com as pessoas e cativar. É uma pessoa maravilhosa, bem-educada, cavalheiro, bom ouvinte. Esta igreja é mágica, eu queria fazer parte disto”, afirma catequista a igreja do Viso, Sandra Albuquerque, de 17 anos.

Algumas das crianças de seis e sete anos que ali frequentam a catequese também quiserem dar a opinião sobre o padre Armando. Sofia Duarte, sete anos, retrata um homem que “é alto, magro e simpático”.

Tiago Jorge, seis anos, revela outras características: “Batizou o meu irmão e casou os meus pais, e sempre que vou a casa dele dá-me bombons”. Luísa Chaves, em uníssono com Rita Sequeira, ambas com seis anos, contam aquilo que todos já sabem, o padre Armando “usa óculos, vai ser Bispo e vai para o Porto”.

Na sala, todos parecem mesmo saber quem é o Padre Armando, ou não tivesse sido ele o responsável pelo surgimento do espaço onde têm catequese, a 6 de novembro de 2011.

“Num tempo de crise, construir uma Igreja no valor de 2 milhões e 400 mil euros em estruturas, não foi fácil”, recorda D. Armando, que chegou à paróquia de Nossa Senhora do Viso, há precisamente 12 anos.

A despedida e a vocação

“Nunca nos despedimos, eu explicava aos pequenitos que, é como os pais e as mães quando se casaram, também saíram de casa para começar uma vida nova”, assume D. Armando Domingues.

A vocação não surgiu sem dúvidas e hesitações, mas “a partir dos 17 anos nunca mais tive dúvidas”.

“Ser pároco foi a minha realização como padre. Eu sinto-me bem no meio do povo”, confessa.

Um bom comunicador

O contacto com as pessoas é o elogio mais vezes proferido por quem conviveu anos a fio com o Padre Armando.

É o caso de Maria Teresa, 80 anos, voluntária na secretaria do Centro Pastoral de Nossa Senhora do Viso. “As pessoas interagem muito bem com ele, tem sido um caminhar muito feliz, ele sabe comunicar e as pessoas aprendem a ouvir”, nota.

Comunicar é a palavra chave de D. Armando Esteves Domingues. As dioceses comunicam bem? “A Igreja está a fazer caminho. Se me perguntar friamente, digo que não, se me perguntar se é possível fazer melhor, digo que sim. Temos muito caminho a fazer no mundo difícil da comunicação. Quando preparo algo para as pessoas, procuro sempre perguntar-me se eu vivo aquilo. É o segredo da comunicação”, admite D. Armando que, diz ser adepto das novas tecnologias e redes sociais.

“Tenho Facebook, por exemplo”, revela.

Os gostos

O passo que se segue é o Porto. O padre que é fã de Mariza e de Pedro Abrunhosa, foi aos 61 anos, nomeado pelo Papa Francisco, bispo auxiliar da Diocese do Porto.

Foi um convite inesperado. “Um verdadeiro choque. Não estava à espera. D. António Luciano transmitiu-me a novidade, no final do mês de outubro. Nunca me passaria pela cabeça dizer que não. Não é fácil, mas nada no Reino é fácil. Estive vários dias sem dormir quando soube da notícia. Ando nervoso. Ainda não percebi porque sou Bispo, anima-me o pensar para quê”, afirma o prelado.

D. Armando Esteves Domingues, de saída da diocese de Viseu, conta algumas das ideias que leva consigo para a diocese do Porto. “Levo aquilo que sempre vivi, a partilha das relações com as pessoas, o caminhar e decidir juntos, fala-se muito de sinodalidade, mas estamos muito longe de o conseguir. O mundo hoje é muito plural. A diversidade é riqueza, integrá-la é uma aventura, mas se não a percorrermos, perdemos o caminho”.

Não se percebe que existam assuntos fraturantes"

D. Armando Domingues não quer perder o caminho nem desperdiçar o tempo a discutir assuntos secundários. No contexto do que é uma Igreja mãe, “não se percebe que existam assuntos fraturantes”.

“É apenas a diversidade das pessoas nas suas riquezas, criaturas humanas, filhas de Deus, sem bilhete de identidade, a fratura pode estar é dentro de nós", ilustra.

Em relação à orientação sexual, ao rumo da vida, a uma relação que chega ao fim,” quem sou eu para, por palavras minhas, criticar ou agudizar o sofrimento das pessoas”.

“A igreja só tem que demonstrar o amor de mãe e nós temos tudo isso. E às vezes desperdiçamo-lo a discutir coisas tão secundárias. Nós estamos para caminhar com a pessoa”, defende o prelado que salienta a boa relação com o Bispo do Porto. “

Em relação ao bispo do Porto D. Manuel Linda revela que mantém uma boa relação. “É uma pessoa muito aberta, inteligente, conheço-o desde os tempos do Seminário”, confessa.

É o oitavo de onze irmãos e tem 17 sobrinhos, alguns deles no Porto. D. Armando Domingues, que tem como hobbies, ler, ouvir música e ver um bom jogo de futebol, já trata o Porto por tu. “Fui a mais jogos no estádio das Antas do que em qualquer outro estádio. E já fiz batizados de filhos de jogadores do Porto. Tenho inclusivamente sobrinhos que me dizem que vão fazer o roteiro das francesinhas”, sorri.

D. Armando Domingues foi ordenado sacerdote a 3 de janeiro de 1982, depois de ter passado pelos seminários de Fornos de Algodres e Viseu. Foi capelão militar, professor e mais recentemente ecónomo e vigário geral da diocese de Viseu.

Nasceu na Beira Baixa, na freguesia de Oleiros, distrito de Castelo Branco, mas a paróquia de Nossa Senhora do Viso parece ser a terra natal de D. Armando Esteves Domingues. É ali, que todas as crianças sabem quem é o padre Armando, e é aqui, que lhe deixam um voto: “Que seja feliz”, deseja Sofia Duarte de sete anos e a frequentar o 1.º ano de catequese no Centro Pastoral de Nossa Senhora do Viso.

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