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​Morreu Bruno da Ponte, fundador das editoras Minotauro e Salamandra

15 dez, 2018 - 01:15

Resistente antifascista, o editor natural dos Açores traduziu nomes como Noam Chomsky, Simone de Beauvoir ou Jacques Gernet. Foi também jornalista, galerista, professor e ativista cultural e político.

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O editor Bruno da Ponte, fundador da Editorial Minotauro e das Edições Salamandra, morreu na sexta-feira, aos 86 anos, anunciou o Bloco de Esquerda (BE), partido do qual era militante desde 2002.

"Resistente antifascista, editor, livreiro, tradutor, jornalista, galerista, professor, ativista cultural e político, homem das letras e das artes. Bruno da Ponte foi um intelectual multifacetado. Deixou-nos esta sexta-feira", lê-se numa nota de pesar publicada no site esquerda.net.

Bruno da Ponte nasceu em Ponta Delgada, ilha de São Miguel, Açores, em 1932. Embora fosse formado em Economia, em Lisboa, "as suas atividades mais reconhecidas foram no campo cultural".

O BE recorda que Bruno da Ponte "foi coordenador editorial da Teorema e fundou a Editorial Minotauro, ativa nos anos 60 e encerrada pelo regime salazarista, e as Edições Salamandra, ativas desde meados dos anos 80 até 2014".

"Pelo seu trabalho editorial na Coleção Garajau, que publicou 121 títulos sobre os Açores ou escritos por autores açorianos, foi-lhe atribuída pela Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores a 'Insígnia de Mérito Cívico'", lê-se na nota de pesar.

Enquanto tradutor, Bruno da Ponte trabalhou para as editoras Livros do Brasil, Editorial Estampa, Publicações Alfa e Bertrand, tendo traduzido, entre outros, Noam Chomsky, Simone de Beauvoir ou Jacques Gernet.

Bruno da Ponte foi também galerista, em 1967 foi um dos oradores no 1.º Encontro de Críticos de Arte Portugueses, e jornalista, no Jornal de Letras e Artes na década de 1960. Em 1984, fundou a revista Questões & Alternativas.

Na mesma década, durante quatro anos, dirigiu a Escola de Jornalismo de Maputo, em Moçambique.

No período em que esteve exilado, no final da década de 1960 e início da de 1970, lecionou na Universidade de Edimburgo, no Reino Unido, e trabalhou na editora DEFA, através da qual publicou a obra "The last to leave. Portuguese colonialism in Africa: an introductory outline".

Era militante no Bloco de Esquerda desde 2002, foi candidato à Assembleia Municipal de Ponta Delgada em 2009 e mandatário da candidatura do BE nas últimas eleições autárquicas.

O partido destaca "o contributo inestimável de Bruno da Ponte para a cultura e o combate pela democracia em Portugal e envia as suas mais sentidas condolências aos seus familiares e amigos".

O funeral de Bruno da Ponte está marcado para domingo, às 13:30, no cemitério de São Joaquim, em Ponta Delgada.

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