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Agente secreta russa declara-se culpada de ingerência na política dos EUA. Putin desmente

13 dez, 2018 - 16:30 • Tiago Palma

Maria Butina, detida em julho, declarou-se esta quinta-feira culpada de “se intrometer no aparelho nacional de tomada de decisões” americano para beneficiar o Kremlin. Vladimir Putin questiona "porquê" e garante: "Aqui, ninguém sabe nada sobre ela."

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Em junho, Maria Butina dizia estar inocente perante a juíza distrital Tanya Chutkan, de Washington. Os procuradores acusavam-na, no entanto, de “penetrar no aparelho nacional de tomada de decisões” americano para “beneficiar a agenda da Federação Russa”.

À justiça, Butina garantia ser nada mais que uma ex-estudante de pós-graduação na Universidade Americana, instituição privada de Washington.

Mas a detenção abriria (mais) um conflito diplomático entre a Casa Branca e o Kremlin, exigindo, em julho, Sergei Lavrov, ministro dos Negócios Estrangeiros russo, a Mike Pompeo, secretário de Estado norte-americano, a “rápida” libertação de Butina, de 29 anos, declarando que a detenção se baseara em “acusações fabricadas” – o que era “inaceitável”.

A manter-se presa, a decisão, assumia Lavrov, acabaria por “minar os resultados positivos” do encontro entre Trump e Putin, que havia decorrido algumas semanas antes em Helsínquia.

Butina continuaria detida. E a verdade é que, na última segunda-feira, fonte próxima do processo admitia à CNN que os advogados desta estavam perto de chegar a acordo com os procurados americanos, podendo vir a declarar-se culpada de ter atuado como agente infiltrada do Governo russo em território americano e de conspirar para que Washington tomasse medidas favoráveis ao Kremlin.

Esta quinta-feira, e segundo avança o Washington Post, Maria Butina declarou-se mesmo culpada.

Na terça-feira, e citado pela Reuters, Vladimir Putin abordava o tema e questionava-se, antevendo já a assunção de culpas de Butina: “Ela arrisca 15 anos de pena. Porquê?” E garantia: “Questionei todos os responsáveis pelas secretas e ninguém sabe nada sobre ela.”

Mas, afinal, como é que Butina atuava? Desde logo, através da sua entrada no restrito círculo da NRA, a Associação Nacional de Armas americana. Em 2016, Butina namorava com político conservador Paul Erickson, que a introduziu a republicanos influentes, membros, precisamente, daquela associação.

A justiça americana acredita que Butina estaria, na aproximação à NRA e ao Partido Republicano, a trabalhar, enquanto “agente secreta russa”, a mando do Kremlin e, sobretudo, de um “oficial”. Quem era ele? Alexander Torshin, vice-governador do Banco Central da Rússia e homem de confliança do Presidente Putin. Seria precisamente Torshin a financiar a atuação Butina.

Importa lembrar que Alexander Torshin foi alvo das sanções do Departamento do Tesouro norte-americano em abril por participação em "ações perversas ao redor do mundo", incluindo a "tentativa de minar as democracias ocidentais ".

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