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Beatificados 19 mártires na Argélia

08 dez, 2018 - 11:05

Entre os beatificados encontram-se os sete monges de Tibhirine, que se recusaram a abandonar o seu mosteiro e as pessoas que serviam nas montanhas da Argélia durante o período de violência.

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A Igreja Católica beatifica este sábado 19 mártires da Argélia, todos mortos por ódio à fé. A cerimónia decorre na Argélia, na catedral de

Entre os beatificados encontram-se os sete monges de Tibhirine, que serviram de inspiração ao filme “Dos Deuses e dos Homens”.

O Papa Francisco referiu-se à beatificação esta manhã a esta beatificação, após a oração do Angelus, por ocasião da solenidade de Nossa Senhora da Imaculada Conceição. “Hoje, no Santuário de Nossa Senhora de Santa Cruz, em Oran, na Argélia, são proclamados beatos o bispo Pierre Claverie e dezoito companheiros religiosos e religiosas, mortos por ódio à fé.”

“Estes mártires do nosso tempo foram fiéis anunciadores do Evangelho, humildes construtores de paz e testemunhas heroicas da caridade cristã. Um bispo, sacerdotes, religiosos, religiosas e leigos. O seu corajoso testemunho é fonte de esperança para a comunidade católica argelina e semente de diálogo para toda a sociedade inteira. Que esta beatificação seja para todos um estímulo para juntos construirmos um mundo de fraternidade e de solidariedade.”

Os monges da abadia do Atlas, em Tibhirine, na Argélia, foram raptados do seu mosteiro na noite de 26 para 27 de março de 1996, uma época em que havia muita instabilidade na Argélia, fruto de uma insurreição jihadista contra o governo militar.

Existe consenso sobre a identidade dos raptores, que seriam militantes islâmicos, mas as circunstâncias da morte dos monges são fruto de discussão. Inicialmente o Grupo Islâmico Armado reivindicou tanto o rapto como o assassinato dos sete homens, mas em 2009 um militar francês na reforma disse que os religiosos tinham sido mortos durante uma operação do exército argelino.

Um grupo de militantes já tinha estado no mosteiro anteriormente, exigindo na altura que um dos monges, médico, socorresse um dos seus camaradas que estava ferido. Conscientes do perigo que corriam, discutiram entre eles a possibilidade de abandonar o mosteiro para ir para um local mais seguro, mas acabaram por optar por ficar, para não abandonaram a comunidade local, muçulmana, que serviam através da sua presença.

Na noite do rapto dois dos monges do mosteiro conseguiram escapar a atenção dos cerca de 20 militantes, mas só conseguiram alertar as autoridades na manhã seguinte, uma vez que as linhas telefónicas tinham sido cortadas e estava em vigor um recolher obrigatório.

No dia 31 de maio o exército argelino anunciou que tinha descoberto as cabeças degoladas dos sete monges franceses.

Já o bispo Pierre Claverie, que também sobe este sábado aos altares, foi bispo de Oran até 1996, altura em que foi assassinado num atentado à bomba que matou também o seu condutor.

Claverie tinha excelentes relações com a comunidade islâmica e muitos participaram nas suas cerimónias fúnebres, apelidando-o de “bispo dos muçulmanos”.

Sete pessoas foram detidas e condenadas à morte por envolvimento no seu assassinato. A Igreja Católica da Argélia pediu, porém, que as suas penas fossem comutadas, o que foi aceite pelo tribunal.

Comentários
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  • Sasuke Costa
    10 dez, 2018 23:31
    Belíssima notícia!

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