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Olhar simpático e orelhas compridas. Há burros a precisar do cuidado de voluntários

07 dez, 2018 - 11:57 • Olímpia Mairos

A campanha “Voluntaria-te Pelo Bem-estar Animal” do Centro de Acolhimento de Miranda pretende promover a interação com os burros, que são animais de fácil trato e de caráter dócil.

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Está em marcha uma campanha de recrutamento e mobilização de voluntários que possam ajudar nos cuidados de saúde e bem-estar do burro mirandês em idade avançada.

A iniciativa é promovida pelo Centro de Acolhimento do Burro de Miranda, instalado na aldeia mirandesa de Pena Branca, uma espécie de “lar de terceira idade” para burros. Aqui os voluntários ajudam nos cuidados diários para dignificar o bem-estar destes animais que interagem no meio da natureza do Planalto Mirandês, em plena área protegida do Douro Internacional.

O veterinário Miguel Nóvoa refere que precisam de “todos os voluntários, não só para tratar dos animais, mas, igualmente, para construir num novo centro de acolhimento para os burros que são deixados ou por nós recolhidos”. “Alguns dos animais foram abandonados, outros estão doentes ou, em alguns casos, os proprietários, dado à idade avançada, já não podem cuidar dos burros”, contextualiza.

A campanha “Voluntaria-te Pelo Bem-estar Animal” quer também promover uma interação entre os voluntários e os burros, que são animais de fácil trato e de caráter dócil”. Segundo o veterinário, os voluntários têm oportunidade de “desfrutar de uma experiência desafiadora e generosa, que é cuidar do maneio e saúde dos burros”.

Lado a lado com os técnicos da Associação para o Estudo e Proteção do Gado Asinino (AEPGA), os voluntários, ao cuidarem dos burros residentes, vão aprender sobre o comportamento, maneio e cuidados essenciais, em particular com os animais mais idosos.

Escovagem, limpeza de cascos e alimentação são algumas das atividades em que os participantes estarão envolvidos, bem como nas atividades de manutenção e melhoramento dos diferentes espaços do centro. Além do trabalho no centro de acolhimento, os voluntários terão ainda a oportunidade de visitar e prestar cuidados a outros animais que se encontram nas aldeias do concelho de Miranda do Douro.

A voluntária Daniela Andrade, veterinária de profissão, mostra-se fascinada com a experiência em terras mirandesas, assinalando que o voluntariado a ajudou a crescer “tanto ao nível pessoal como profissional”. “Qualquer pessoa que venha aqui vai descobrir muitas mais coisas sobre este animal, mas também sobre si mesmo”, conta à Renascença.

A veterinária, além de prestar serviço no centro do burro, onde cuida, vacina e trata as doenças provocadas pela idade avançada, tem prestado assistência a alguns animais espalhados pelas aldeias do concelho.

“Disfrutar da companhia dos nossos amigos de orelhas compridas”.

Paulo Corte-Real veio de Viseu com o filho e têm ajudado na limpeza de mato e na construção de vedações.

“Decidi aceitar o desafio e tornar-me voluntário, porque “tenho um terreno na zona de Viseu e como quero ter um burro, vim para melhor compreender os hábitos destes animais e como se lida com eles”, explica o voluntário.

As atividades de voluntariado têm a duração de uma semana e permitem “experienciar a vida no campo, o contacto próximo com a natureza, conhecer as pessoas e a cultura mirandesa e, claro, disfrutar da companhia dos nossos amigos de orelhas compridas, que agradecem a dedicação”, observa o veterinário Miguel Nóvoa.

O Centro de Acolhimento do Burro de Miranda, que se encontra em processo de melhoria das condições físicas para o melhor maneio dos animais, com o alargamento dos espaços vedados, melhoria dos estábulos e remodelação de uma antiga escola primária, onde funcionarão os serviços administrativos, abre portas ao longo este mês de dezembro.

Apesar do Burro de Miranda estar classificado como “raça autóctone em vias de extinção”, no novo espaço serão também acolhidos animais de outras raças, porque o mais importante “é proporcionar bem-estar a cada animal”.

Os voluntários, das mais diversas profissões, vêm de todo o país. À chegada é-lhes atribuída uma tarefa, tendo em conta a sua experiência, e todos têm ajudado a dar vida ao novo Centro de Acolhimento.

"Cada um destes voluntários será um verdadeiro embaixador do bem-estar animal e do trabalho que a associação desenvolve", conclui Miguel Nóvoa.

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