06 dez, 2018 - 22:00 • João Carlos Malta
A organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) e o parceiro SOS Mediterranee foram forçados a encerrar as operações da embarcação de busca e salvamento Aquarius, anunciou o MSF em conferência de imprensa.
O fim forçado das operações do Aquarius acontece num momento em que se estima que 2.133 pessoas perderam a vida no Mediterrâneo em 2018. Os migrantes vindos da Líbia representam a esmagadora maioria das mortes.
Nos últimos dois meses, segundo a organização, “as pessoas continuam a fugir pelo mar ao longo da rota de migração mais letal do mundo”, e o Aquário permaneceu no porto, "incapaz de realizar trabalho humanitário".
A mesma associação critica a política europeia para a migração, com destaque para a pressão do governo italiano.
“Sem solução imediata para esses ataques, o MSF e o SOS Mediterranee não têm outra escolha senão terminar as operações do Aquarius”.
“Este é um dia negro”, diz Nelke Manders, diretor-geral de MSF. “A Europa não só não forneceu capacidade de busca e resgate, mas também sabotou ativamente as tentativas de salvar vidas”, acrescentou.
“O fim do Aquarius significa mais mortes no mar e mais mortes desnecessárias que não serão testemunhadas”, salienta Manders.
Segundo o comunicado, nos últimos 18 meses, os ataques dos estados da UE ao apoio humanitário e às operações de resgate “foram baseados nas táticas usadas em alguns dos estados mais repressivos do mundo”.
A MSF diz que apesar de trabalhar em total conformidade com as autoridades, a Aquarius ficou “duas vezes sem os documentos que lhe pertencem”, e agora enfrenta alegações de atividade criminosa.
O último período ativo de busca e salvamento de Aquarius terminou em 4 de outubro de 2018, quando chegou ao porto de Marselha, após o resgate de 58 pessoas.
Juntamente com os navios de busca e salvamento anteriores da MSF - o Bourbon Argos, Dignity, Prudence e Phoenix – foram resgatadas mais de 80.000 pessoas no Mar Mediterrâneo desde 2015.