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Bispo do Porto lança críticas à laboração contínua

06 dez, 2018 - 19:40

O Sindicato dos Corticeiros Operários do Norte (SOCN) associou esta quinta-feira as declarações do bispo do Porto a propósito da laboração contínua como uma manifestação de apoio aos trabalhadores despedidos pela corticeira Pietec, de Santa Maria da Feira.

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O Bispo do Porto Manuel Linda refere no site do episcopado o caso de "uma multinacional que adquiriu uma fábrica que já estava em laboração há muitos anos (...) e seguia o tradicional horário das 8h00 às 18h00", até que "a compradora, que não conhece as pessoas nem com elas se importa, pretende passar ao sistema de laboração contínua, por turnos, incluindo o sábado e o domingo".

Alírio Martins, presidente do SOCN, diz que "o bispo está a referir-se à Pietec", que despediu 38 de 41 trabalhadores que não aceitaram renegociar contratos que impunham a laboração sete dias por semana, e explica: "Tivemos uma reunião com o D. Manuel Linda no início deste despedimento coletivo e ele deu-nos o seu apoio. Esta mensagem no site da diocese é sobre essa conversa".

O texto do bispo do Porto não refere nunca o nome "Pietec" nem o setor da cortiça, mas afirma que a referida multinacional "não precisa minimamente" de laborar sábado e domingo, "todo o dia e toda a noite, pois dedica-se a um setor normalíssimo e sem especiais exigências técnicas".

Realçando que "o lucro não é tudo", Manuel Linda critica a pretensão da mencionada multinacional de conduzir na sua fábrica portuguesa uma "experiência-piloto" com o objetivo de "tomar o pulso aos trabalhadores para, depois, provavelmente todo o setor passar a esse regime" de laboração.

"Para isso, essa multinacional já conseguiu autorização dos ministérios da Economia e do Trabalho. Vale-se da força que lhe advém do capital para espezinhar a dignidade humana e os direitos sociais. Tudo de maneira muito oficial, muito legal", lê-se na mensagem.

Manuel Linda termina o texto defendendo que o lucro não pode sobrepor-se a tudo o resto, "particularmente quando não respeita o justo encontro e convívio familiar, quando causa doenças de foro psicológico ao não respeitar o ritmo biológico do sono, quando origina insatisfação e irritabilidade, quando coloca a ganância da entidade patronal acima da justa qualidade de vida dos trabalhadores - enfim, quando viola grosseiramente o domingo e seu justo descanso, marco insubstituível da religião para o avanço civilizacional".

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