05 dez, 2018 - 02:53
O vice-presidente social-democrata Nuno Morais Sarmento classificou o Conselho Nacional do PSD, que terminou esta quarta-feira de madrugada, como "uma manifestação de maturidade e entusiasmo", em que a generalidade reconheceu que o interesse do partido "obriga" todos a remar na mesma direção.
"O Conselho Nacional tem decorrido com normalidade, com diversidade, mas com a consciência por parte de todos que, a partir deste momento, o interesse do PSD nos obriga a remarmos, colocarmos todas as nossas forças numa única direção", afirmou, em declarações aos jornalistas, a meio da reunião que começou às 21h30 de terça-feira, em Setúbal.
Para o vice-presidente social-democrata, a realidade da reunião "é bem diferente" da que diz ler nos jornais e ver nas televisões sobre o que acontece nas reuniões internas do PSD.
Na sua intervenção inicial, em parte audível fora da sala do Conselho Nacional, o presidente do PSD, Rui Rio, defendeu que "o tempo é o melhor aliado" da sua estratégia, que passa por apontar os verdadeiros erros do Governo e construir uma alternativa credível.
Perante os conselheiros, Rui Rio admitiu que esta estratégia até poderá sofrer várias derrotas -- "podemos perder à primeira, podemos perder à segunda, à terceira, à quarta, à quinta", disse -, mas manifestou-se convicto de que um dia os portugueses "perceberão a diferença entre quem age assim e quem age de forma antagónica".
Questionado se o PSD dará esse tempo a Rui Rio, Morais Sarmento salientou que o foco são as eleições do próximo ano.
"É para 2019 que estamos a trabalhar e é em 2019 que queremos ganhar", disse o vice-presidente social-democrata.
Morais Sarmento salientou que, nas últimas eleições, também se atribuía a vitória ao PS, que acabou por não acontecer.
Questionado se a vitória nas próximas eleições legislativas não será decisiva para a continuidade de Rui Rio, Morais Sarmento respondeu invocando a máxima do fundador de Francisco Sá Carneiro, que primeiro está o país e só depois o PSD.
"Não é no momento da nossa vitória que estamos a pensar, é na maneira de melhor garantir nas próximas eleições aos portugueses que têm uma alternativa séria e com futuro", assegurou.
Sarmento considerou mesmo que "a nota mais forte" do discurso de Rui Rio, que durou perto de uma hora, foi precisamente o compromisso de "continuar a liderar o PSD com seriedade".
"Fazendo-o com seriedade e fazendo-o pensando não nas eleições e na vitória do PSD, mas nas eleições e no futuro de Portugal, é isso que se jogará em 2019", apontou.
Tal como Rui Rio tinha feito na sua intervenção, o vice-presidente do PSD defendeu que o partido deve "ser implacável" com os erros do Governo, mas não apontar erros que não existem.
A análise da situação política acabou por dominar grande parte do Conselho Nacional, que aprovou ainda o orçamento do partido para o próximo ano por "larguíssima maioria", de acordo com conselheiros presentes na reunião.
Por se temer que já não houvesse quórum para a votação das propostas de alteração dos estatutos -- que tinham passado para o fim da reunião --, esta foi novamente adiada para o próximo Conselho Nacional, que se deverá reunir dentro de três meses.
Numa reunião muito participada, foram menos os deputados presentes do que o habitual, entre eles o ex-líder parlamentar Hugo Soares, que foi uma das vozes mais críticas da anterior reunião deste órgão.
Na sua intervenção inicial, Rui Rio retomou a defesa de que o PSD terá de ganhar votos à abstenção, a que chamou "o maior partido", e não será a "guerrear" à direita e a disputar "um ou dois pontos ao CDS" que poderá vencer eleições.
Uma clara definição do espaço ideológico do PSD e uma maior transparência interna foram outros pontos abordados pelo presidente social-democrata, que reiterou a ideia de que há reformas estruturais que nenhum partido, "nem mesmo com maioria absoluta", poderá fazer.