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Português em França descreve "cenário de guerra" nos Campos Elísios

02 dez, 2018 - 19:28

Fernando Oliveira garante à Renascença que "é muito estranho ver a principal e mais movimentada avenida de França num estado destes". "Para distinguir o trigo do joio, a polícia apelou às pessoas para não se deslocarem aos Campos Elísios."

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Um cenário de guerra. É assim que um português a viver em França, e que está por estes dias em Paris, descreve a zona dos Campos Elísios após os violentos protestos deste sábado entre polícia e os “coletes amarelos”.

Fernando Oliveira, entrevistado pela Renascença, descreve que passou já este domingo pela zona do Arco do Triunfo e que a cidade de Paris parece outra.

"É um cenário de guerra: caixotes do lixo incendiados, vitrines das boutiques de luxo partidas, 90% das lojas e restaurantes dos Campos Elísios estão fechados hoje, não havia movimento comercial, turismo… É muito estranho, não é aquilo que estamos habituados a ver. A iluminação de Natal foi destruída. A linha 5 do metro, que serve toda a avenida dos Campos Elísios, esteve fechada durante o dia. É uma sensação muito estranha ver a principal e mais movimentada avenida de França num estado destes, com muita policia de prevenção nas avenidas paralelas aos Campos Elísios”, relatou Fernando Oliveira.

De acordo com este português a viver em França, a população foi aconselhada a permanecer em casa ou, pelo menos, a não circular nas artérias onde se registaram os incidentes.

"A polícia apelou às pessoas para que, se não tiverem extrema necessidade de se deslocar para os Campos Elísios, Montparnasse ou zona da Gare du Nord, que não o façam – até para que a polícia possa distinguir o trigo do joio. E pede que se mantenham nas suas casas, visto ser domingo. Acredito que a chuva que se fez sentir aqui em Paris desmotivou e fez desmobilizar uma grande parte dos manifestantes”, explica.

Os números atualizados pelas autoridades francesas dão conta de 320 detenções e 166 feridos. 20 desses são graves e incluem 18 polícias. A manifestação deste sábado contou com a presença de portugueses que, segundo relata Fernando Oliveira, estarão bem.

"Há portugueses que aderiram ao movimento dos 'coletes amarelos' mas não temos noticia – e falei com o Consulado Geral de Portugal em Paris esta manhã – de portugueses detidos ou feridos nestes confrontos. Sabemos que há um milhão de portugueses, ou luso-descendentes, na região de Paris, mas não há a notícias de feridos nem detidos.”

O governo e o Presidente francês estiveram reunidos este domingo e, segundo a agência Reuters, a declaração do estado de emergência não terá sido discutido por Emanuel Macron e os ministros. O que terá sido discutido é a forma de adaptar as forças de segurança a futuros protestos, após a violência de ontem.

Isto numa altura em que já existem convocatórias nas redes sociais para uma nova manifestação no próximo fim-de-semana.

"A vida não para e é mesmo assim: as pessoas têm que ir trabalhar durante a semana. Mas prevê-se que sim: há páginas do Facebook que apelam a uma nova união – chamam-lhe assim – no próximo sábado. Prevê-se uma semana tensa, até porque amanhã [segunda-feira] há uma tentiva do Governo de acalmar as coisas. E o próprio primeiro-ministro, Édouard Philippe, e o ministro do Interior vão receber uma comitiva de representantes dos 'coletes amarelos' no Palácio de Matignon”, lembrou Fernando Oliveira à Renascença.

Comentários
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  • Filipe
    02 dez, 2018 évora 21:46
    Deviam ter contratado os formandos dos Comandos e os formandos da GNR , nem tinha havido protestos .

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