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Paris acorda em “cenário de guerra”. Macron visita Arco do Triunfo

02 dez, 2018 - 13:11

Há uma vítima mortal indireta dos protestos de sábado em França, donde resultaram também 412 detidos e 133 feridos. Este domingo, o Governo reúne-se de emergência.

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Paris acordou, este domingo, num cenário de destruição e caos. Há quem fale mesmo em “cenário de guerra” e vários são os emigrantes portugueses que dizem nunca terem assistido a nada assim.

Na capital francesa, quem sai à rua vê, sem ter de se esforçar por isso, carros queimados, lojas destruídas, vários monumentos vandalizados, ruas destruídas e montras partidas.

São consequências dos violentos protestos de sábado, que começaram logo de manhã e foram subindo de intensidade ao longo do dia. “Pânico” foi o que muitos sentiram e relataram aos órgãos de comunicação social.

Há quem refira também que alguns manifestantes tentaram entrar dentro dos edifícios de habitação para lançar fogo. “Eram pessoas organizadas em grupos, com paus e martelos para destruir”, descreve um emigrante português à CMTV. Vinte estações de metro tiveram de ser encerradas.

Na rua, e em toda a França, estiveram 166 mil manifestantes, segundo o “Le Parisien”.

Esta manhã, a situação está mais calma e os trabalhos de limpeza já começaram. O forte grau de destruição deverá fazer demorar estes procedimentos.

Macron visita destruição em Paris

O Presidente francês já regressou da Argentina, onde participou na reunião do G20. Foi ainda em Buenos Aires que reagiu à violência que alastrava em Paris, dizendo que nada daquilo tinha “a ver com a expressão pacífica de uma cólera legítima”.

“Os culpados desta violência não querem mudanças, não querem qualquer melhoramento, querem o caos”, concluiu. E marcou uma reunião de emergência com o seu executivo para este domingo.

Antes, visitou as áreas mais afetadas da capital francesa, como o Arco do Triunfo, onde ontem começaram os protestos.

Acompanhado pelo ministro do Interior, prestou homenagem ao túmulo do soldado desconhecido, que representa todos os franceses mortos na I Guerra Mundial (1914-1918) – um monumento que os manifestantes sujaram e onde deixaram latas de cerveja e outros objetos.

Na terça-feira, o ministro e o secretário de Estado do Interior, Christophe Castaner e Laurent Nuñez, respetivamente, vão ser ouvidos pela Comissão Legislativa do Senado francês sobre "os motins e ataques contra as forças de segurança e atos de vandalismo e destruição", refere um comunicado divulgado este domingo pela câmara alta do Parlamento francês.

Esta audiência incidirá também sobre "as novas disposições que devem ser tomadas para prevenir a recorrência e agravamento destas condições de extrema gravidade, sem infringir o direito constitucional dos franceses de expressar os seus pontos de vista e descontentamento com manifestações não violentas".

Um morto indireto e 133 feridos

A última atualização do Ministério francês do Interior aponta para 412 detenções feitas no âmbito dos protestos dos "coletes amarelos", em todo o país, e 133 feridos, dos quais 23 são agentes das forças de segurança.

A imprensa francesa anuncia este domingo que uma pessoa morreu na sequência indireta dos confrontos. Aconteceu durante a noite, no Sul de França, perto de Marselha. Um camião foi obrigado a parar de repente, devido a um bloqueio policial (feito para travar o avanço dos manifestantes) e a viatura que seguia atrás acabou por embater com violência no pesado. O condutor teve morte imediata.

Vem aí pior?

Os parisienses estão com medo. No sábado, surgiu o boato de que, no próximo fim de semana tudo será ainda pior.

“Estamos com medo para a semana, porque eles prometem ser pior”, diz um emigrante português.

“A polícia não consegue conter tanta gente. Estas pessoas vêm para destruir, não vêm para se manifestar. Mas há alguns que vêm para se manifestar, porque o nível de vida está muito baixo cá”, explica um outro.

“Vieram aqui para partir tudo”, diz ainda outro.

O Governo francês não descarta a possibilidade de decretar hoje o “estado de emergência”.

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