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​Cerca de 500 trabalhadores de IPSS protestaram contra salários baixos

30 nov, 2018 - 22:53

Mais de metade dos 200 mil trabalhadores das Instituições Particulares de Solidariedade Social recebem o salário mínimo. CNIS apela ao Governo.

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Cerca de 500 trabalhadores de Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) desfilaram esta sexta-feira, no Porto, reivindicando melhores salários, numa altura em que mais de metade dos 200 mil trabalhadores do setor recebem o salário mínimo.

O responsável da Federação dos Sindicatos da Função Pública, António Macário, disse que "os salários auferidos são de tal maneira baixos que quase metade dos trabalhadores ganham apenas o salário mínimo nacional e os restantes pouco mais ganham".

A manifestação decorreu entre a Avenida dos Aliados e a Ribeira após o que os representantes sindicais foram recebidos pelo presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS), o padre Lino Maia, que se "mostrou sensibilizado para a situação dos funcionários das IPSS sem, contudo, apresentar nenhuma solução para o problema", referiu António Macário.

Para "tentar encontrar soluções ficaram marcadas novas reuniões para breve entre a federação dos sindicatos e a CNIS", acrescentou o sindicalista que, uma vez apurado o sucesso destes encontros "será definido se os trabalhadores querem avançar para novas formas de luta".

A federação aguarda também por uma reunião pedida ao ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, revelou o responsável pelo setor social da Federação Nacional do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais.

Segundo aquela federação, em "Portugal há cerca de 200 mil trabalhadores em seis mil instituições, sendo que pouco menos de metade recebem apenas o salário mínimo".

"Em alguma dessas IPSS há retroativos de 2017 que continuam por pagar, noutros casos está por liquidar o subsídio de férias de 2017 e 2018, bem como outras não pagaram o subsídio de natal do ano passado havendo até algumas que se preparam para pagar em prestações o subsídio deste ano", informou.

Perante isto, acrescentou, "há o risco de haver um êxodo de trabalhadores por não se conseguirem manter a ganhar tão pouco ao mesmo tempo que o grau de exigência é muito elevado".

Instituições "caminham para o abismo", alerta CNIS

O presidente da Confederação Nacional de Instituições de Solidariedade Social (CNIS) recebeu um manifesto e reconhece razão aos trabalhadores, mas receia pelo futuro das instituições.

"As instituições estão com problemas muito graves. Num estudo que vamos apresentar, o impacto da massa salarial nas instituições é muito grande, mostra que vamos caminhando para o abismo. Eu estou com muito medo que haja rutura nas instituições. Tem havido resiliência, mas ela tem limites. Espero que o Estado volte a olhar para isto", afirma o padre Lino Maia.

O presidente da CNIS admite que, se o Governo não ajudar, dificilmente as reivindicações dos trabalhadores serão atendidas.

“Não é possível, a menos que nós mudemos a matriz e, aí, eu abandono o barco", sublinha.

Um estudo da Universidade Católica, que vai ser apresentado em breve, revela que cerca de 40% das IPSS estão a trabalhar no limite, 18% em risco de fechar e 56% do dinheiro gasto vai para salários.

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