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Filipinas

Guerra contra as drogas de Duterte. "Condenação de agentes é uma vitória mas não basta"

29 nov, 2018 - 17:52

Três agentes da polícia vão passar décadas na prisão pelo homicídio de um estudante de 17 anos. Em 29 meses, quase 5.000 filipinos foram mortos pela polícia e mais de 25 mil por esquadrões de "justiceiros".

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Um tribunal das Filipinas condenou esta quinta-feira três agentes da polícia pelo homicídio de um estudante de liceu de 17 anos, naquelas que são as primeiras condenações a surgir na sequência das táticas patrocinadas pelo Presidente do país, Rodrigo Duterte, na sua guerra contra as drogas.

Os três agentes foram condenados a penas de até 40 anos de prisão pelo tribunal regional de Caloocan. É o primeiro veredito do país por causa dos homicídios extrajudiciais que estão a ter lugar desde que Duterte chegou ao poder há mais de dois anos.

Na sentença, o tribunal ditou igualmente que nenhum dos homens se qualifica para liberdade condicional.

Kian Loyd delos Santos foi abatido pela polícia em agosto de 2017, num caso atraiu muita atenção e mediatismo, reforçando as denúncias de abusos sistemáticos pelas forças da autoridade a mando de Duterte.

O corpo de Delos Santos foi encontrado num beco sem saída com uma arma na mão esquerda. Na altura, os agentes disseram tê-lo morto em autodefesa. Câmaras de vigilância acabariam por mostrar que os polícias manietaram e agrediram o jovem enquanto o levavam para o beco onde foi encontrado morto.

Dois meses depois, o Presidente filipino deu ordens à polícia nacional para pôr fim às operações anti-drogas, que acabariam por ser retomadas a mando de Duterte em dezembro desse ano.

"A condenação deste três agentes da polícia por terem matado Kian delos Santos é uma vitória para a Justiça, mas não é suficiente", reagiu Jose Manuel Diokno, diretor do Free Legal Assistance Group (Flag). "Estes assassinatos têm de parar."

Em 29 meses, quase 5.000 filipinos foram mortos pela polícia e mais de 25 mil por esquadrões de "justiceiros", civis que Duterte incentivou a pegarem em armas para matarem alegados traficantes e toxicodependentes.

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