22 nov, 2018 - 14:35
Morreu na semana passada, com 110 anos de idade, a freira Cecylia Maria Roszak, da ordem dominicana.
Roszak nasceu a 25 de março de 1908, na Polónia, e entrou para o convento dominicano de “On Gródek” aos 21 anos.
Na década seguinte, em 1938, partiu com um grupo de freiras para estabelecer um novo convento em Vilnius, na Lituânia, mas foram apanhadas pelo irromper da Segunda Guerra Mundial e a ocupação nazi daquele país báltico.
Perante a perseguição aos judeus pelos nazis, e sob a orientação da superiora, a madre Bertranda, o grupo manteve escondidos no seu convento 17 membros da resistência judaica. Muita coisa separava este grupo de freiras católicas dos resistentes armados judeus, esquerdistas, por regra pouco interessados em religião e defensores do sionismo, mas acabaram por se tornar muito próximos.
Quando os judeus anunciaram que iriam regressar ao gueto de Vilnius para ajudar a organizar a resistência, a madre Bertranda começou por pedir-lhes que não fossem e, perante a sua insistência, pediu para ir com eles. Acabou por ajudar a contrabandear armas e mantimentos para dentro do gueto.
“Apesar das enormes diferenças entre os dois grupos, formaram-se relações muito próximas entre as freiras cristãs e os judeus seculares de esquerda. Os pioneiros encontraram abrigo por detrás dos muros do convento; trabalhavam com as freiras nos campos e mantinham a sua atividade política”, pode ler-se num texto dedicada à madre Bertranda, no Yad Vashem, o museu do Holocausto.
De acordo com a revista católica inglesa “Catholic Herald”, o convento acabou por ser encerrado pelos nazis em 1943 e a madre Bertranda detida. As restantes freiras foram dispersadas, com a irmã Roszak a regressar a Cracóvia.
Após a guerra, e apesar do regime comunista na Polónia, a freira regressou à sua vida religiosa normal, tendo sido eleita prioresa diversas vezes ao longo das décadas.