Tempo
|
A+ / A-

Vacas com ou sem cornos? Suíça vai decidir em referendo

21 nov, 2018 - 08:21

Iniciativa partiu de um agricultor que pretende um subsídio anual de 190 francos suíços por cada animal com cornos. “Devemos respeitar as vacas como elas são", argumenta.

A+ / A-

Os suíços vão decidir em referendo, no próximo domingo, o futuro das vacas do país. Melhor: vão votar sobre se devem garantir subsídios aos agricultores que deixam os cornos das suas vacas e cabras crescer de forma natural, em vez de os retirar artificialmente.

O tema está a dividir o país. As vacas são um dos símbolos associados à Suíça, mas, na verdade, são cada vez mais raras aquelas que têm cornos. O governo federal diz que são 25%, mas os proponentes do referendo argumentam que são apenas 10%. A realidade contrasta com as imagens dos cartazes publicitários, folhetos turísticos e chocolates, que mostram vacas com cornos.

O debate tem-se concentrado, sobretudo, na questão do bem-estar do animal: não apenas na questão específica da remoção dos cornos, mas também as condições em que o gado é mantido.

O referendo sobre a preservação da “dignidade do gado” é uma iniciativa do agricultor Armin Capaul, de 66 anos. Capaul diz que “ouvir” as vacas inspirou-o para lançar uma campanha, há nove anos, para financiar o espaço-extra necessário para albergar os animais com cornos.

“Devemos respeitar as vacas como elas são. Deixem-nas com os cornos. Quando olhamos para elas, erguem a cabeça e ficam orgulhosas. Quando tiramos os cornos, são infelizes”, diz o agricultor à agência Reuters.

Armin Capaul argumenta, ainda, que os cornos ajudam as vacas a comunicar e a regular a temperatura corporal e pretende a atribuição de um subsídio anual de 190 francos suíços (cerca de 167 euros) por cada animal que seja mantido com cornos.

O governo suíço estima que teria que destinar até 30 milhões de francos do orçamento da agricultura para este subsídio e, por isso, opõe-se à proposta.

A industrialização do setor agropecuário tem levado a maioria dos criadores a sedar os bezerros (com menos de três semanas) e a queimar com um ferro quente a zona onde deviam crescer os cornos. Os críticos argumentam que é uma procedimento doloroso e contrário à Natureza. Os proponentes do referendo dizem mesmo que mais de 20% dos bezerros sofrem de dor por um período prolongado.

Já os apoiantes da remoção dos cornos comparam a prática à castração de cães e gatos. Alegam ainda que os cornos aumentam o perigo de ferimentos a outros animais e a humanos.

Esta é a terceira vez consecutiva que os suíços se pronunciam sobre assuntos da agropecuária. Em setembro, rejeitaram uma iniciativa que pretendia impor uma agricultura mais sustentável e outra que queria reforçar de forma significativa a produção local.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+