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Em Nome da Lei

“O casamento não é um jogo”

17 nov, 2018 - 13:00 • Marina Pimentel

Programa de televisão que promete casamentos à primeira vista brinca com coisas sérias e pode ter consequências graves na vida dos participantes, dizem os convidados do programa Em Nome da Lei.

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Em Nome da Lei - Casar pela televisão? - 17/11/2018

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Os “Casamentos à primeira Vista não podem ser anulados”, defende a advogada Ana Sofia Gomes. Em causa, o facto de se tratar de um matrimónio com um desconhecido. Assim sendo, argumenta a professora universitária, “não é legítimo invocar qualquer erro sobre aquele com quem se casa. A única forma de pôr termo ao vínculo, é mesmo o divórcio”.

A advogada e professora universitária na área do Direito da Família alerta para as consequências que podem decorrer da participação no programa televisivo transmitido pela SIC. “O casamento não é um jogo, diz, produz efeitos jurídicos, não só em matéria de sucessão de bens. Mas também em relação às dívidas. Os dois conjugues podem ter de responder por todas as dívidas, mesmo aquelas que tenham sido contraídas apenas por um deles”.

A psicóloga e terapeuta familiar Margarida Cordo admite que “é possível fazer estudos de personalidade que podem concluir que há pessoas mais compatíveis do que outras. Mas isso não significa que se encontre o amor. Até pode acontecer, mas será um mero acaso”.

Margarida Cordo defende que participar num programa onde as pessoas se casam com desconhecidos,” é uma situação de risco na relação consigo mesmo e na relação com o outro. É preciso separar as águas e perceber que o que está em causa é apenas um show televisivo e não confundir o que lá se passa com qualquer ideia de família”, defende a psicóloga e terapeuta familiar.

Também Eduardo Cintra Torres alerta que,” neste tipo de programas em que se joga com a realidade, há pessoas que podem sair magoadas”. Como crítico de televisão diz no entanto que “já viu muito pior” do que o programa que está atualmente a ser exibido pela SIC.

Enquanto crítico de televisão, Eduardo Cintra Torres diz também que “nada tem a opor ao facto de os canais de televisão procurarem sobretudo conseguir audiências, dando ao público o tipo de programas que ele quer ver, desde que se respeitem determinados limites”.

O padre jesuíta José Maria Brito contra-argumenta que há também responsabilidades formativas da parte dos Órgãos de Comunicação. E defende que” por trás de programas como “Casados à Primeira Vista” há uma ilusão de que é possível acabar com a solidão. Quando a solidão é inerente à condição humana”.

Questionado sobre o facto de os casamentos católicos terem diminuído 60 por cento nos últimos 17 anos. E por outro lado, haver quem se inscreva num programa de televisão para casar com um desconhecido, o padre José Maria Brito diz que “não o preocupam as estatísticas. É preferível haver menos casamentos. Mas mais conscientes “.

Declarações ao programa da Renascença Em Nome da Lei que este sábado debateu os casamentos pela televisão.

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  • VICTOR MARQUES
    17 nov, 2018 Matosinhos 15:25
    O "Casamento não é um jogo", mas não deixa de ser um derivado: uma lotaria...

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