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Diocese de Bragança-Miranda homenageia a “avó dos presos"

16 nov, 2018 - 17:44 • Olímpia Mairos

Maria da Assunção dedicou a sua vida a apoiar reclusos em Leiria e Bragança. É homenageada a título póstumo.

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A Diocese de Bragança-Miranda vai homenagear, a título póstumo, a professora Maria da Assunção, conhecida como a “avó” dos presos.

A cerimónia terá lugar no próximo dia 28 de novembro, pelas 18h00, na igreja de Santo Condestável, em Bragança, e é organizada pelo Serviço Diocesano da Pastoral Penitenciária.

“Madrinha de alguns, ‘avó’ de todos, Maria da Assunção foi presença assídua durante mais de quatro décadas no mundo prisional. Faleceu em 2013, deixando a feliz memória do seu sorriso e da sua palavra”, lê-se no comunicado enviado à Renascença pelo Secretariado das Comunicações Sociais da Diocese de Bragança-Miranda.

Maria da Assunção (13 de novembro de 1928-31 de janeiro de 2013) é descrita como “mulher simples e expedita” e começou o voluntariado nas prisões por mero acaso. Um dos seus alunos foi detido por roubo e, para o poder visitar, uma vez que não era familiar, tornou-se visitadora oficial da Prisão Escola de Leiria.

Quando se reformou e regressou a Trás-os-Montes, “transferiu conhecimentos” e desenvolveu “ações para os reclusos do Estabelecimento Prisional de Bragança, procurando dar-lhes catequese, além de falar com eles e lhes prestar apoio material e espiritual diversos”.

António conheceu Maria da Assunção quando esteve preso. Conta à Renascença que a reclusão foi um “percalço na vida” e para a refazer “foi fundamental a ajuda da avó Maria".

"Conversava comigo sem nunca me julgar, procurava saber como me sentia, o que me faltava, se a família me tinha visitado e não raras vezes me apoiou monetariamente”, recorda.

António não esquece o dia em que saiu em liberdade, as palavras e o abraço que trocou com Maria da Assunção. “Era inverno, mas estava um lindo dia de sol e a dona Maria da Assunção disse-me: ‘dá cá um abraço e não te esqueças que agora és um homem livre e se em algum momento te sentires em baixo, liga-me'”, conta António, com a voz embargada pela emoção.

António saiu de Bragança e refez a sua vida. Tem família, filhos, netos e continua a trabalhar. O processo de reintegração na sociedade teve altos e baixos, mas garante que contou sempre com o apoio da “avó” que conheceu em Bragança e que o acompanhou durante anos.

A homenagem à “avó” dos presos será precedida de uma eucaristia, presidida pelo bispo da Diocese de Bragança-Miranda, D. José Cordeiro.

Presente na homenagem estará também o bispo da Diocese de Coimbra, D. Virgílio Antunes, que, como seminarista, pôde testemunhar a ação pastoral desta senhora que falava a “pensar nos outros” e ainda o Padre João Gonçalves, coordenador Nacional da Pastoral Penitenciária.

“Natal na Prisão”. Campanha de recolha de meias e produtos de higiene

O Serviço Diocesano da Pastoral Penitenciária em colaboração com a Cáritas Diocesana de Bragança-Miranda avança, este fim-de-semana, com uma campanha denominada “Natal na Prisão”.

A iniciativa visa a recolha de meias e produtos de higiene oral, como escovas e pastas de dentes, para os cerca de 500 reclusos dos Estabelecimentos Prisionais de Bragança e de Izeda.

O diretor do Serviço Diocesano da Pastoral Penitenciária, Rui Magalhães, explica que “esta iniciativa procura levar a boa nova do nascimento de Cristo aos Estabelecimentos Prisionais”.

“Além dos donativos, que serão entregues às pessoas privadas de liberdade, como presentes de Natal, procura-se, sobretudo, sensibilizar a sociedade para esta realidade ‘oculta’ à maioria da população”, sublinha o responsável da pastoral penitenciária.

“É necessário despertar a responsabilidade comunitária”, defende Rui Magalhães, considerando que “a caridade deve estar presente nas iniciativas de qualquer expressão comunitária cristã”.

A campanha termina a 9 de dezembro. Os interessados em colaborar poderão fazer a doação nos templos religiosos e nos estabelecimentos de ensino que aderiram à iniciativa.

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