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​Refugiados sírios sem água e eletricidade em Miranda do Corvo por não pagarem renda de casa

12 nov, 2018 - 22:08

Duas das famílias disseram que não têm dinheiro para pagar a mensalidade exigida pela instituição que os trouxe para Portugal há cerca de ano e meio, no âmbito de um programa de acolhimento de refugiados.

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Três famílias de refugiados sírios instalados em Miranda do Corvo ficaram esta segunda-feira sem água e eletricidade nas casas que habitam por ordem da Fundação ADFP, proprietária das habitações.

A Câmara de Miranda do Corvo está a acompanhar a situação dos refugiados. Contactado pela Renascença, o autarca Miguel Batista diz estar preocupado com o caso e adianta que a situação será avaliada pelos serviços camarários esta terça-feira.

Em declarações à agência Lusa, duas das famílias disseram que não têm dinheiro para pagar a mensalidade exigida pela instituição que os trouxe para Portugal há cerca de ano e meio, no âmbito de um programa de acolhimento de refugiados.

O presidente da Fundação Assistência para o Desenvolvimento e Formação Profissional (ADFFP), Jaime Ramos, explicou que terminou o programa de apoio e que, "de acordo com as regras, cada família deve autonomizar-se e passar a pagar renda de casa, água, eletricidade e as suas despesas".

"Terminou o prazo e três famílias recusaram-se a sair, embora uma delas já tenha dito que vai sair", disse o dirigente, salientando que, no caso de não terem trabalho, "a Segurança Social continua a dar apoio numa perspetiva humanitária".

Cada família recebe 500 euros

Os refugiados sírios queixam-se de que a Fundação ADFP pretende cobrar uma renda de 340 euros por cada apartamento T3, incomportável para a sua situação económica.

"Cada família recebe cerca de 500 euros de apoio social da Segurança Social. Se pagarmos 340 euros de renda ficamos com o quê para viver", enfatizam dois homens sírios, que fugiram à guerra com as respetivas famílias e ainda passaram pelo Egito antes de chegar a Portugal.

Uma das famílias possui três crianças e a outra família tem duas, uma delas com ano e meio, situação que está a gerar grande apreço nos pais que temem o frio previsto para os próximos dias, uma vez que os apartamentos têm muita humidade, visível nas paredes e tetos.

"Nós queremos sair, mas não estamos a conseguir arrendar apartamento porque nos pedem 500 e 600 euros de mensalidade", disse um dos refugiados sírios, antigo motorista de profissão, que diz não conseguir encontrar trabalho.

Criticam ainda a Fundação ADFP de não ter concluído o programa de ensino de português, após a saída da professora que os acompanhava.

O corte de água e eletricidade nos apartamentos do edifício que alberga o cinema de Miranda do Corvo foi acompanhado por uma patrulha da GNR, no seguimento de uma decisão judicial por falta de pagamento.


[notícia atualizada às 23h48]

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  • fanã
    14 nov, 2018 aveiro 18:32
    Excelente exemplo que em vez de dar peixe e somente peixe, seria melhor oferecer uma cana de pesca e obrigar a pescar para se sustentarem !
  • 14 nov, 2018 16:24
    Pois, tbm já vivi sozinha com 500€ e com um filho pra criar, nunca tive ajuda de segurança social ou assistentes sociais pq trabalhava e não precisava de ajuda.
  • Não Gostam, Andor!
    13 nov, 2018 Guimaraes 21:22
    Mas então, estavam à espera de ser sustentados para sempre, ou quê? Mas nós devemos-lhe alguma coisa a eles ou ao País deles? Não gostam? Andor!
  • E nós?
    13 nov, 2018 Gaia 11:12
    Sustentados pela S. Social, rendas de 340€ por 4 assoalhadas e ainda se queixam? Têm sempre a hipótese de voltarem para o País deles ...
  • J.F
    13 nov, 2018 10:57
    Oh josé carlos fonseca, tu deves pensar que viver com 500 euros por mês deve dar para tudo e mais alguma coisa, quem sabe até dá para fazer ainda uma boa poupança e comprar um fogão e uma máquina de lavar quando se estragarem, tipo, chegar à loja toma lá dá cá. De certeza que se soubesses o que é viver com 500 euros, com este nível de vida, graças a esta moeda unica, que desde que entrou só tem tirado cada vez mais pode r de compra, com certeza não estavas aqui a falar nos 500 euros. É impressionante a forma como vocês pensam. Comentário infeliz..
  • Filipe
    13 nov, 2018 évora 09:54
    Deixam entrar essa gente para fins políticos exibicionistas e depois pensavam que só os Portugueses pobres deixam de pagar renda . Quem os trás para cá que lhes pague alimentação e dormida . Gostava de ver a Síria a acolher Portugueses pobres um dia ...
  • Jose Carlos Fonseca
    13 nov, 2018 Maia 09:08
    Querem tudo de borla. Com os 500€ não podem pagar a agua e a eletricidade?
  • FERNANDO MACHADO
    12 nov, 2018 PORTO 22:33
    ENTÃO, SENHOR MINISTRO CABRITA ? TEMOS A MANIA DE NOS ARMAR EM BONZINHOS E DEPOIS É O QUE SE VÊ. É POR ESTAS E POR OUTRAS, QUE AS PESSOAS QUE CHEGAM CÁ, LOGO QUE PODEM, PIRAM-SE PARA OUTRO PAÍS DA (DES)UNIÃO EUROPEIA.

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