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Eleições americanas

Cinco lusodescendentes vão hoje a votos. Conheça os candidatos às intercalares americanas

06 nov, 2018 - 10:52

Há cinco candidatos de origem portuguesa a concorrer à Câmara dos Representantes nas intercalares desta terça-feira. É possível que os EUA elejam a primeira mulher lusodescendente para o Congresso.

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Os americanos votam esta terça-feira nas eleições intercalares. Os maiores órgãos legislativos vão a votos, assim como milhares de outros cargos locais, desde presidentes da câmara a xerifes. Cinco candidatos com raízes portuguesas concorrem à Câmara dos Representantes, um dos dois órgãos legislativos que compõem o Congresso.

Devin Nunes, Jim Costa e David Valadão lutam pela reeleição em distritos do estado da Califórnia. Os três lusodescendentes são acompanhados, este ano, por Lori Loureiro Trahan, no Massachussets, e Manuel “Manny” Santos, no Connecticut.

A mulher entre os homens, Lori Trahan, é a que tem mais hipóteses de fazer história: as sondagens dizem que poderá vencer e, se for eleita, tornar-se-á na primeira lusodescendente a sentar-se no Congresso americano.

Já “Manny” Santos poderá ser o primeiro congressista nascido em Portugal a representar o eleitorado norte-americano no Congresso (ao contrário dele, todos os outros lusodescendentes nasceram nos EUA).


Quem são os candidatos?

Devin Nunes

Apoiante de Donald Trump, o republicano terá pela frente a eleição mais renhida da sua carreira contra o democrata Andrew Janz.

Devin Nunes foi eleito pela primeira vez em 2002, pelo 21.º distrito da Califórnia. Em 2010, com o recenseamento e a mudança de distritos eleitorais, passou a concorrer no 22.º distrito, que representa na Câmara dos Representantes desde 2012.

O site de análise estatística FiveThirtyEight aponta-lhe 95,4% de probabilidades de ser eleito congressista pela oitava vez consecutiva. Presidente da Comissão de Serviços Secretos da Câmara dos Representantes, é um grande defensor de Trump, sobretudo face às suspeitas de que o Presidente foi eleito com a ajuda da Rússia em 2016.

O "New York Times" descreve-o como um "amigo próximo" do Presidente, uma relação que lhe terá valido uma queda de votos a nível local, embora não tão grande que lhe vá roubar a reeleição.

Em 2016, foi Nunes quem ajudou o agora Presidente a angariar apoios entre o eleitorado rural da Califórnia, um estado tendencialmente democrata. Ao longo da campanha presidencial, o lusodescendente organizou eventos de angariação de fundos para a campanha, no seu distrito. Alguns membros da campanha achavam que seria uma perda de tempo apostar no distrito de Nunes pela predominância de eleitores democratas, mas Trump decidiu ignorá-los em detrimento do seu aliado.

A partir daí, o lusodescendente passou a aconselhar o candidato presidencial até às eleições de novembro. Quando a campanha acabou, Nunes passou a fazer parte da equipa de transição de Trump, ajudando o Presidente eleito a escolher os membros da sua nova administração.

Tudo aponta para que vá ganhar esta terça-feira, em parte porque representa um distrito rural pouco influenciado pela comunidade hispânica da Califórnia, que é tendencialmente mais liberal. A sua grande base de apoio vem dos agricultores a quem prometeu "proteger" a água e a irrigação dos campos, apesar dos protestos dos ambientalistas locais.


Lori Trahan

Lori Loureiro Trahan deverá ganhar com uma maioria esmagadora a corrida no 3.º distrito do Massachussets. A confirmar-se a vitória, Lori Trahan será a primeira mulher lusodescendente a conquistar um assento no Congresso americano.

Democrata num dos estados que se prevê mais “azuis”, Trahan reuniu o apoio incondicional do partido. Com 44 anos e muito vocal em matéria de direitos das mulheres e igualdade de género, Trahan é neta de um imigrante português e de uma imigrante brasileira.

O FiveThirtyEight dá-lhe uma probabilidade de vitória acima dos 99% e uma percentagem de voto a rondar os 64,2%. Muito atrás estão os seus adversários, o republicano Rick Green e o independente Michael Mullen.

Trahan conta com o apoio do diário "Boston Globe", o maior jornal do estado do Massachussets e um dos maiores dos Estados Unidos. Num editorial, o conselho administrativo do jornal elogia o empenho de Lori em matérias de educação e considera-a uma candidata ótima para os democratas "usarem" no seu assalto ao poder na Câmara dos Representantes.


Jim Costa

Candidato democrata pelo 16.º distrito da Califórnia, Costa é congressista desde 2004. Venceu as suas primeiras eleições no 20.º distrito, foi reeleito três vezes e, em 2012, tal como aconteceu com Devin Nunes, o recenseamento e a mudança de distritos colocaram Costa a concorrer no 16.º distrito.

Na corrida por um oitavo mandato consecutivo, o FiveThirtyEight aponta a Costa 98,4% de probabilidades de derrotar a sua opositora republicana, Elizabeth Heng.

Apresentada pelos republicanos como uma candidata para o futuro, Heng tem apenas 33 anos. Costa, pelo contrário, está na política americana desde 1978, há mais tempo do que Heng está na Terra. Além disso, a zona pela qual ambos concorrem, Fresno, é uma das regiões mais pobres dos Estados Unidos.

James Manuel Costa é o mais velho dos candidatos lusodescendentes desta lista. Tem 66 anos e é neto de portugueses que emigraram dos Açores para a Califórnia.


David Valadão

O republicano David Valadão também concorre na Califórnia, no 21.º distrito. Valadão tem a percentagem mais baixa de reeleição entre os três mencionados: o FiveThirtyEight dá-lhe 79,3% de probabilidades de vitória.

David Gonçalves Valadão está na política desde 2010 e tornou-se congressista em 2012. Com a mudança de Jim Costa para o 16.º distrito da Califórnia, Valadão aproveitou a transição do eleitorado para vencer numa zona democrata.

Valadão foi reeleito duas vezes e procura agora um quarto mandato. O seu opositor é TJ Cox, que passou a ser o candidato democrata depois da desistência de Emilio Huerta.

Filho de pais açorianos, Valadão é mais um fervoroso apoiante de Donald Trump.

Foi dos primeiros a apoiar a candidatura presidencial de Trump e na Câmara dos Representantes votou favoravelmente a Trump em 98,9% das vezes, segundo o FiveThirtyEight, numa análise estatística que acompanha a tendência de voto de cada congressista.

No entanto, foi crítico da administração em matérias de imigração, embora tenha votado sempre consensualmente com o Partido Republicano.


Manuel “Manny” Santos

“Manny” Santos é o único candidato nascido em Portugal e o único que deverá ficar fora do Congresso depois destas eleições.

Candidato republicano pelo 5.º distrito do Connecticut, concorre num estado garantidamente democrata, pelo que as sondagens não lhe auguram uma vitória esta terça-feira. Tem apenas 2,4% de probabilidades de conquistar um assento na Câmara dos Representantes.

Santos é um reconhecido pró-Trump. Antigo soldado da Marinha, defende a ideia de construir um muro na fronteira com o México e também as leis que permitem o porte de armas.

A sua opositora é a democrata Jahana Hayes. Num estado democrata, Hayes é a candidata ideal para garantir o lugar e derrotar Santos: mulher negra, foi nomeada por Barack Obama como a Melhor Professora do Ano em 2016. Se for eleita, será a primeira congressista afroamericana eleita pelo estado do Connecticut.

Contra ela Manuel Santos pode jogar a carta da experiência política, já que foi autarca de Meriden.

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