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Bolsonaro. Da defesa da ditadura até à vitória pelo voto

29 out, 2018 - 03:57 • Carlos Calaveiras

Jair Bolsonaro tem uma vida política longa e polémica com 30 anos. A partir de 1 de janeiro será o novo Presidente do Brasil depois de ter conquistado mais de 57 milhões de votos nas urnas.

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Quem é Jair Bolsonaro, o novo Presidente do Brasil?
Quem é Jair Bolsonaro, o novo Presidente do Brasil?

Jair Messias Bolsonaro venceu este domingo as eleições presidenciais no Brasil, com 55,1% dos votos, o que equivaleu a 57.796.972 milhões de eleitores.

A partir de 1 de janeiro de 2019 será o novo inquilino do palácio do Planalto, tornando-se o 38.º Presidente da República Federativa do Brasil, sucedendo a Michel Temer.

É o ponto alto de uma carreira política de 30 anos em que passou por sete partidos e apresentou 171 projetos de lei e propostas de emendas constitucionais no Congresso, mas apenas dois foram aprovados: uma redução de impostos para produtos informáticos e outro que levou à autorização para a comercialização de um fármaco oncológico cuja eficácia não está comprovada.

Estava em segundo lugar nas sondagens para as presidenciais até que Luiz Inácio Lula da Silva foi impedido pela justiça de concorrer. Desde aí liderou as pesquisas mas só após a tentativa de assassinato, ainda antes da primeira volta, consolidou a vantagem e abriu as portas da presidência. Depois de duas operações e da convalescença, o candidato de extrema-direita fechou-se em casa, não mais participou em debates e ações de campanha públicas, preferindo utilizar as redes socais e o WhatsApp (situação que está agora a ser investigada por alegada violação da lei de financiamento empresarial).

Quase ganhou logo na primeira volta e levou o seu Partido Social Liberal ao segundo lugar no Congresso.

Bolsonaro tem 63 anos, nasceu em Campinas (São Paulo) a 21 de março de 1955. Em 1977, formou-se na Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende, e ainda tirou o curso de paraquedismo no Rio de Janeiro. Chegou a capitão, mas esteve preso por reivindicações salariais, teve um processo disciplinar, mas acabou absolvido de todas as acusações. Entrou para a reserva em 1988, ano em que chegou à vida política como vereador no Rio de Janeiro e depois deputado federal, cargo que ocupou até se candidatar à presidência.

Foi para o Exército precisamente porque queria ser Presidente. Na altura, o Brasil vivia em ditadura e só militares poderiam chegar à presidência.

Já foi casado três vezes e tem cinco filhos, quatro rapazes e uma rapariga. “Dei uma fraquejada e veio uma mulher”, disse em abril de 2017.

Esta foi apenas uma das suas (muitas) frases polémicas desde que chegou à vida pública em 1988 e ajuda a explicar uma taxa de rejeição a rondar os 40% (pessoas que garantem que em nenhuma situação votarão nele).

Por exemplo, em 2015, foi condenado a pagar uma indemnização de 10 mil reais à deputada do PT Maria do Rosário pelos crimes de incitação à violação e injúria depois de dizer que só não a violava porque ela “não merecia”.

Ainda no âmbito do relacionamento com mulheres disse que “não empregaria mulheres com o mesmo salário, apesar de ter muitas mulheres competentes”.

Sobre os homossexuais disse que preferia “um filho morto a um filho gay”; fez criticas racistas dizendo que negros nem para procriar servem; defendeu que a polícia “pode disparar, e se, por acaso, o criminoso morrer, paciência"; quer das armas a toda a população; defende a pena de morte; referia ser a favor “de uma ditadura” porque o voto não mudava nada e que seria preciso uma “guerra civil” para melhorar o Brasil; sobre a ditadura militar que vigorou no país referiu que cometeu um erro: “foi torturar e não matar, deviam ter fuzilado uns 30 mil corruptos”.

Chamado de "mito" e "herói" pelos seus apoiantes foi ganhando peso político nos últimos anos do Governo Dilma, aproveitando a crise económica que se agravou no país, os muitos casos de corrupção - em especial com a operação “Lava Jato” - e o aumento da violência, que bate recordes.

Foi precisamente na altura da votação do impeachment de Dilma Rousseff que o seu nome saltou verdadeiramente as fronteiras do Brasil. Bolsonaro dedicou o seu voto ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, precisamente o torturador da então Presidente.

Antes de ter Lula e Dilma como “ódios de estimação” também criticou fortemente o Presidente Fernando Henrique Cardoso, tendo recusado o seu plano de privatizações e chegando a dizer que deveria ter sido fuzilado pela ditadura.

A “ficha limpa” é uma medalha que exibe com orgulho, lembrando sempre que pode que não está envolvido em casos de corrupção ou crimes financeiros.

Agora, o homem que disse que o voto não mudaria nada, venceu umas eleições pela via democrática.

No discurso de vitória, Jair Bolsonaro prometeu um Brasil “constitucional e democrático”, reforçando que “a liberdade é um direito fundamental” e prometendo um “Governo decente” para voltar a ter o país a crescer.

Comentários
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  • JOSE MARIA FRAZAO
    29 out, 2018 Leiria 23:37
    Que idiotice, desde quando Jair Bolsonaro é Extrema Direita? Onde foram buscar isso? Deixem de ser idiotas, Extrema Direita não exsite no Brasil em nenhum partido, ele é de Direita!! Ponto!!
  • Anónimo
    29 out, 2018 17:59
    Antigamente os ditadores chegavam ao poder através de golpes de estado. Já o povo brasileiro consegue ser burro o suficiente ao ponto de eleger um ditador democraticamente.

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