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Sínodo 2018. Jovens, sexualidade e papel das mulheres em debate

24 out, 2018 - 15:15 • Octávio Carmo/agência Ecclesia

A sigla LGBT no documento conclusivo da assembleia voltou a levantar questões.

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O cardeal Reinhard Marx, arcebispo de Munique e presidente da Conferência Episcopal da Alemanha, disse esta quarta-feira, no Vaticano, que o Sínodo dos Bispos sobre os Jovens quer ser mais do que um debate sobre “sexualidade”.

“Não é, claramente, um Sínodo sobre a sexualidade”, “muito menos sobre a homossexualidade”, mas sobre os jovens, sobre como “a Igreja os pode acompanhar”, referiu o responsável germânico, em resposta a uma pergunta sobre a eventual utilização da sigla LGBT no documento conclusivo da assembleia.

A questão, que foi levantada pelo segundo dia consecutivo, levou o cardeal Marx a dizer que este não pode ser um “campo de batalha” ideológica.

“Na linguagem da Igreja, é preciso encontrar um caminho compreensível para todos”, precisou.

O objetivo, realçou um dos participantes que foi nomeado pelo Papa, diretamente, é “acompanhar os jovens, não fazer juízos teóricos sobre a sexualidade”.

O arcebispo de Munique destacou o processo de preparação para esta assembleia, que envolveu os jovens, numa fase da vida em que se tomam “as grandes decisões”.

“Se neste tempo não acompanhamos os jovens, se não caminhamos juntos a Igreja perde grande parte do seu campo de ação”, alertou.

O responsável assumiu a existência de uma “grande discussão” sobre os casos de abusos sexuais, que exigem uma mudança de “atitude” por parte da Igreja, para que seja construída por todos, sem a ideia de que existe um grupo “especial” que todos os outros têm de seguir.

O presidente da Conferência Episcopal Alemã retomou, na sala de imprensa da Santa Sé, um dos temas centrais da sua intervenção no Sínodo, a necessidade de uma participação das mulheres, “não apenas simbólica, mas nos processos de decisão” da Igreja Católica.

“Chegou o momento de falar disto”, sustentou.

D. Andrew Nkea Fuanya, bispo de Mamfe (Camarões), que participal pela primeira vez no Sínodo, abordou, por sua vez, temas como a importância da “comunidade” no continente africano e a consonância entre “valores tradicionais” e os “valores da Igreja”.

“As minhas igrejas estão sempre a abarrotar e não tenho espaço para os jovens”, realçou.

O prelado pediu que a Igreja Católica fale de forma “muito clara” às novas gerações, sem ambiguidade, para mostrar “o caminho, de forma caritativa, mas com verdade”.

Este Sínodo, acrescentou, não procura “resolver problemas de continentes particulares”, pedindo uma linguagem universal.

Já D. Grzegorz Rys, arcebispo de Lodz, na Polónia, destacou que os trabalhos mostraram a “diversidade” das realidades juvenis.

O responsável pelo setor da Nova Evangelização no episcopado polaco, sustentou que é necessário convidar os jovens a “sentir Jesus”, a fazer experiência de espiritualidade e de oração, mais do que “ensinar-lhes” conceitos.

O quarto interveniente na mesa, o padre Toufic Bou Hadir, responsável pela edição do YOUCAT, o catecismo juvenil, na Fundação Árabe da Igreja Maronita (Líbano), falou da participação de “milhares de jovens libaneses” neste Sínodo.

“Os jovens cristãos desejam que a Igreja esteja consciente dos seus sofrimentos”, sustentou, deixando o apelo a não esquecer o Médio Oriente, o “berço do Cristianismo”.

A semana conclusiva do Sínodo 2018, dedicado às novas gerações, debate neste momento o projeto do Documento Final, ainda reservado, e a da Carta aos Jovens, que vai ser lida este domingo, na Missa conclusiva da assembleia.

O texto do documento final, que mantém a estrutura de divisão em três partes, conta atualmente com 173 parágrafos, podendo ser apresentadas propostas de acréscimos e emendas.



A reportagem no Sínodo dos Bispos é realizada em parceria para a Agência Ecclesia, Família Cristã, Flor de Lis, Rádio Renascença e Voz da Verdade.


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