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Sínodo 2018, uma "escola" onde os jovens ensinam os bispos

23 out, 2018 - 16:35 • Octávio Carmo/Agência Ecclesia

“Não é um Sínodo que quer dar todas as respostas e soluções, claras, porque a vida não é clara. A vida dos jovens, hoje, não é clara”, diz o arcebispo de Manila.

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O arcebispo de Manila, cardeal Luis Antonio Tagle, afirmou, esta terça-feira, no Vaticano, que o Sínodo dos Bispos, dedicado às novas gerações, tem sido como uma “escola”, onde os jovens também ensinam.

“Nós, bispos, perguntamos o que podemos fazer pelos jovens, mas os jovens fizeram muito por nós, ensinaram-nos”, assinalou, visivelmente emocionado, o cardeal filipino, em conferência de imprensa.

O responsável asiático, que já vai na sua sétima assembleia sinodal, mostrou-se sensibilizado com o que os jovens têm trazido “através das suas histórias e das suas intervenções”, falando numa experiência de humildade em que se toma a consciência do que não sabe, recebendo “lições valiosas”.

“Não é um Sínodo que quer dar todas as respostas e soluções, claras, porque a vida não é clara. A vida dos jovens, hoje, não é clara”, observou.

O cardeal Tagle sustentou que este sínodo foi “particularmente sensível” à escuta da voz feminina, reconhecendo que a experiência das jovens e da sabedoria feminina deveriam ser “realmente ouvida”, para que todos aprendessem com “as suas dores, as suas forças, a sua coragem”.

Questionado sobre a inclusão ou não da sigla LGBT, que estava no relatório do pré-sínodo, um encontro de jovens citado no documento de trabalho, o “palpite” do arcebispo de Manila foi que o tema estará presente no documento final, de alguma forma.

O essencial, precisou, é passagem a mensagem de uma Igreja que olha à “humanidade” de todos, “qualquer que seja a sua orientação sexual”.

“A atitude constante é de respeito pela dignidade humana”, acrescentou, antes de recordar que a Igreja coloca “exigências” específicas para o “exercício correto” de determinados ministérios.

Já o cardeal Charles Maung Bo, arcebispo de Rangum (Myanmar), presidente-delegado do Sínodo 2018, evocou as “vítimas do tráfico humano”, em particular as mulheres.

D. Bienvenu Manamika Bafouakouahou, bispo de Dolisie (República do Congo), destacou por sua vez a atenção dada às perseguições contra os cristãos, “uma questão delicada que diz respeito a algumas regiões do mundo”.

“Espero que haja uma grande atenção aos mártires, não só os que derramam o seu sangue, mas os que são mártires por uma espécie de perseguição psicológica”, assinalou.

O responsável congolês disse que o Sínodo teve um “olhar de solidariedade” e de atenção com as comunidades perseguidas, que “fazem parte da Igreja”, bem como uma grande “preocupação” com o tema das migrações.

Em relação à deslocação em massa de milhões de pessoas, o bispo de Dolisie sustentou que não se deve apenas à busca de “uma vida melhor”, mas, no caso do Congo, à “destruição do ecossistema pelas indústrias extrativas”, denunciando a existência de pessoas “expulsas da sua terra” com a cumplicidade das multinacionais.

“É a terra que morre, é o homem que morre”, acrescentou.

O jovem samoano Joseph Sapati Moeono-Kolio é um dos convidados da assembleia; o membro do fórum juvenil da Cáritas Internacional representa a Oceânia.

Na sua intervenção, apresentou uma imagem para valorizar a colaboração entre os mais velhos e os jovens: a “sabedoria dos idosos” ensinava os jovens, desde o fundo da canoa, a percorrer o Oceano e a ler as estrelas, para navegar, mas eram os mais novos que a “faziam avançar”.

Esta manhã, após uma pausa nas reuniões gerais e de grupo, foi apresentado o projeto para o documento final do Sínodo 2018.

Paolo Ruffini, prefeito do Dicastério para a Comunicação da Santa Sé, precisou que esta quarta-feira os participantes podem propor observações e alterações ao texto, em dois encontros; a carta aos jovens também está a ser redigida.

A 15.ª assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos, com o tema ‘Os jovens, a fé e o discernimento vocacional’, decorre até 28 de outubro.

A Conferência Episcopal Portuguesa está representada por D. Joaquim Mendes – bispo auxiliar de Lisboa e presidente da Comissão Episcopal do Laicado e Família -, e D. António Augusto Azevedo – bispo auxiliar do Porto e presidente da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios.



A reportagem do Sínodo dos Bispos é realizada em parceria para a Renascença, Agência Ecclesia, Família Cristã, Flor de Lis e Voz da Verdade.

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