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Presidente turco diz que homicídio "selvagem" de Khashoggi foi planeado

23 out, 2018 - 11:25

Erdogan revelou que 15 pessoas chegaram a Istambul no dia anterior ao desaparecimento do jornalista Jamal Khashoggi e encontraram-se no dia do assassinato no consulado.

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O Presidente turco, Tayyip Erdogan, disse esta terça-feira que há sinais fortes de que o assassinato "selvagem" do jornalista Jamal Khashoggi foi planeado, avisando que as tentativas da Arábia Saudita em culpar a morte numa operação rebelde "não nos vai satisfazer".

Na segunda-feira, Erdogan já tinha prometido que "nada ficará por dizer". Esta terça-feira, no parlamento turco, Erdogan não mencionou o príncipe saudita Mohammed bin Salman, que os Estados Unidos acreditam ter ordenado o assassinato, mas disse que a Turquia não completará a investigação até todas as perguntas terem sido respondidas pela Arábia Saudita.

"Instituições de inteligência e segurança têm provas de que o homicídio foi planeado. Culpabilizar o caso em alguns membros de segurança e inteligência não nos vai saisfazer, nem a nós, nem à comunidade internacional", disse.

Erdogan disse que o paradeiro do corpo de Khashoggi ainda é desconhecido e exigiu à Arábia Saudita que revelasse a identidade de um "colaborador local" que alegadamente levou o corpo.

Khashoggi, um colunista do Washington Post e crítico do príncipe herdeiro, desapareceu há três semanas depois de entrar no consulado saudita em Istambul, para ir buscar documentos para o seu casamento. As autoridades turcas suspeitam que Khashoggi foi morto e desmembrado dentro do consulado por agentes sauditas.

Fontes turcas à agência Reuters dizem que as autoridades têm gravações sobre o homicídio do jornalista. Erdogan, que também já falou dessas gravações, não as mencionou no seu discurso.

A Arábia Saudita inicialmente negou qualquer conhecimento sobre o desaparecimento de Khashoggi, mas no dia 19 de outubro admitiu que o jornalista tinha morrido depois de um confronto físico. A forma como os oficiais sauditas reagiram à pressão internacional foi vista com bastante ceticismo, embora o presidente americano, Donald Trump, tenha tentado evitar culpar diretamente a Arábia Saudita.

Os críticos do presidente acusaram esta posição devido aos negócios entre o governo americano e a Arábia Saudita. Mas Trump admitiu numa fase que poderia sancionar economicamente Riade. O volte-face de Trump com o caso passou também por elogios ao regime Salman, no pico da pressão internacional contra os sauditas, destacando a importância da Arábia Saudita como aliado e disse que o príncipe bin Salman era um líder forte.

Erdogan disse que três pessoas chegaram a Istambul no dia anterior ao homicídio numa aparente missão de reconhecimento. No dia seguinte, 15 pessoas entraram no consulado. "Porque é que estas 15 pessoas se encontraram em Istambul no dia do assassinato? Queremos respostas a isto. De quem receberam ordens estas pessoas", continuou o presidente turco.

Agora, falta também saber se o príncipe herdeiro está envolvido no caso. Na segunda-feira, o diário turco Yeni Safak noticiou que um homem, Maher Abdulaziz Mutreb, membro da guarda próxima de Mohammed bin Salman, é visto nas imagens de videovigilância difundidas pelos 'media' turcos a chegar ao consulado saudita em Istambul e posteriormente junto à residência do cônsul. Segundo o jornal turco, Mutreb entrou diretamente em contacto com Salman a partir do consulado, no dia do homicídio.

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