Emissão Renascença | Ouvir Online
A+ / A-

Milhões, muitos milhões de euros de prejuízo após passagem da “Leslie"

17 out, 2018 - 19:12

Distritos de Coimbra e Leiria foram os mais afetados pela passagem da tempestade no fim de semana.

A+ / A-

Depois da tempestade “Leslie”, ainda não chegou a bonança. Vários concelhos do país estão, agora, a fazer contas aos estragos. Segundo dados preliminares, ultrapassam os 80 milhões de euros.

É no distrito de Coimbra que se concentram os maiores danos da tempestade que afetou a região Centro na noite do sábado, atingindo empresas, unidades turísticas, culturas agrícolas do Baixo Mondego, património cultural, milhares de habitações, escolas, instituições de solidariedade social e unidades de saúde, entre outras infraestruturas.
A Figueira da Foz é o concelho que apresenta prejuízos mais elevados, com uma estimativa de 32 milhões de euros, mais de 20 milhões dos quais em empresas - dados que deverão subir por ainda não estarem incluídos os danos na unidade industrial de pasta de papel do grupo Navigator e de unidades do grupo agroalimentar Lusiaves.

Os prejuízos no concelho de Condeixa-a-Nova, no distrito de Coimbra, ascendem a cerca de quatro milhões de euros, disse à Lusa o presidente da Câmara, Nuno Moita.

De acordo com estimativas provisórias da autarquia, mais de metade daquele montante (cerca de dois milhões e 570 mil euros) relaciona-se com os estragos ocorridos em empresas de diversos setores de atividade, excluindo o setor agrícola, cujos danos, designadamente em estufas, representam cerca de 400 mil euros.

As infraestruturas e equipamentos municipais sofreram prejuízos avaliados em perto de um milhão de euros, cerca de 600 mil euros dos quais dizem respeito às piscinas municipais, cuja reparação deverá demorar quatro/cinco meses, admitiu Nuno Moita, adiantando que, para tornar o processo menos moroso, a obra será adjudicada por ajuste direto.

Os prejuízos provocados pelo temporal em habitações e outras edificações estão calculados em cerca de 150 mil euros, disse ainda o presidente da Câmara, recordando que cinco famílias ficaram desalojadas (entretanto realojadas pela Câmara) e prevendo que possam regressar às suas casas dentro de pouco tempo, "talvez cerca de 15 dias".

Estes valores referem-se apenas a "prejuízos diretos", sublinha o autarca, referindo que há empresas do concelho, designadamente de cerâmica, que tiveram de reduzir ou mesmo interromper a laboração.

As piscinas municipais (frequentadas por cerca de duas mil pessoas por mês) são geridas por uma empresa privada e os seus cerca de 30 funcionários ficam sem trabalho enquanto o complexo não voltar a funcionar, exemplifica o autarca.

Condeixa-a-Nova foi um dos seis concelhos do distrito de Coimbra que acionaram o Plano de Emergência Municipal, na sequência da tempestade, que se fez sentir com maior intensidade neste distrito, segundo a Autoridade Nacional de Proteção Civil.

Já no concelho de Cantanhede, também no distrito de Coimbra, os prejuízos ascendem a "pelo menos" sete milhões de euros, disse à Lusa a presidente da Câmara, Helena Teodósio.

Aquele valor corresponde a uma estimativa provisória e por defeito, sublinhou a autarca, referindo que ao gabinete de apoio às vítimas do furacão Leslie, entretanto criado pela Câmara (para "prestar informações e auxiliar a população, dentro das suas competências, na resolução dos problemas ainda existentes no concelho e levantamento dos estragos provocados pela passagem da tempestade"), "não param de chegar pessoas" para darem conta dos prejuízos sofridos.

"Estes valores estão, infelizmente, em constante atualização", destacou Helena Teodósio, assegurando que não gosta de "exagerar os números" e as situações.

De acordo com estimativas provisórias da autarquia, cerca de um milhão de euros daquele montante diz respeito a estragos ocorridos em infraestruturas e equipamentos municipais, referiu a autarca, calculando que só a reposição da sinalética implique um investimento da ordem dos 250 mil euros.

O estado em que ficou o parque de lazer e praia fluvial das Sete Fontes, na freguesia de Ourentã, "é uma dor de alma", exemplifica a presidente da Câmara de Cantanhede, explicando o sentimento designadamente com as árvores derrubadas pelo temporal.

Empresas, habitações, unidades de saúde e outras entidades, como escolas ou instituições particulares de solidariedade social, sofreram danos da ordem dos seis milhões de euros, de acordo com as primeiras estimativas da autarquia, cujas 14 freguesias foram "todas atingidas" pelo temporal, sobretudo na zona norte do concelho.

O Hospital João Crisóstomo, na cidade de Cantanhede, e o Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro Rovisco Pais, na vila da Tocha, registam prejuízos num valor global da ordem do meio milhão de euros, adiantou, apoiada em cálculos das administrações das duas unidades de saúde.

Há, por outro lado, uma "quantidade enorme de munícipes" cujas casas foram afetados pela tempestade “Leslie” e que não possuem os respetivos seguros, disse ainda Helena Teodósio, admitindo que os imóveis nesta situação podem representar prejuízos de cerca de meio milhão de euros.

"Já estão todas as escolas" do concelho a funcionar em pleno, disse a autarca, recordando que diversos estabelecimentos de ensino não funcionaram na segunda e na terça-feira essencialmente por falta de energia elétrica, que também obrigou à interrupção do fornecimento de água.

O fornecimento de energia elétrica ainda não está completamente restabelecido no concelho, mas são já relativamente poucas as situações em que isso acontece.

Mantém-se, contudo, o recurso a geradores e a uma central provisória, na Tocha, referiu Helena Teodósio, indicando que, numa iniciativa inédita, a autarquia e a EDP criaram um gabinete na Câmara de Cantanhede para as pessoas darem conta da falta e outros problemas relacionadas com a energia elétrica nas suas residências, estabelecimentos e outros espaços afetados pelo Leslie, já que as dificuldades que subsistem se relacionam com a distribuição em baixa tensão.

A passagem da tempestade “Leslie” por Montemor-o-Velho causou prejuízos superiores a 21 milhões de euros, de acordo com uma primeira estimativa divulgada pela autarquia, que admite que este montante "pode vir ainda a aumentar".

A estimativa, que foi comunicada à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDR), resulta de "um levantamento exaustivo dos danos e prejuízos causados pela tempestade" que assolou este concelho do distrito de Coimbra e grande parte da região Centro do país.

"Mais de 40 colaboradores da Câmara Municipal de Montemor-o-Velho, todos os presidentes de Junta e as suas equipas, voluntários e particulares fizeram uma recolha exaustiva diretamente junto dos lesados", explica o presidente do município, Emílio Torrão, em nota enviada à Lusa.

O autarca agradece "o esforço de todas estas pessoas que voluntariamente colaboraram nesta tarefa ciclópica", uma tarefa tornada ainda mais difícil pelos "apertados prazos" impostos pela CCDR para a realização de um primeiro levantamento dos danos provocados pela tempestade.

Emílio Torrão faz votos agora de que o Governo "dê uma resposta" às pessoas afetadas. "Espero que todo este trabalho não tenha sido em vão e que todas as expectativas criadas nas pessoas não sejam frustradas", avisa.

Desde domingo, dia em que o concelho foi visitado pelo ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, foram recolhidos mais de 1.500 processos. Os prejuízos em habitações permanentes, unidades económicas, equipamentos associativos, recreativos, desportivos e IPSS e de infraestruturas e equipamentos municipais foram avaliados em 11.292.395 euros.

A este montante junta-se a estimativa de dez milhões de euros de prejuízos sofridos pelos agricultores do concelho, segundo um levantamento que está a ser conduzido pela Direção Regional de Agricultura e Pescas do Centro, com o apoio da autarquia. Como este levantamento está ainda a decorrer no Baixo Mondego, admite-se que o montante dos prejuízos participados venha ainda a aumentar.

A autarquia relembra que, na segunda-feira, o secretário de Estado da Agricultura e Alimentação, Luís Medeiros Vieira, anunciou, em Montemor-o-Velho, a atribuição de apoios a fundo perdido no âmbito do Programa de Desenvolvimento Rural PDR2020 para infraestruturas, instalações e equipamentos agrícolas e também para perdas em animais e culturas permanentes.

Em relação às culturas anuais, o governante informou que os danos estão cobertos pelo Sistema de Seguros de Colheitas, financiado pelo Ministério da Agricultura a 60%, relembra a autarquia.

Neste contexto, Emílio Torrão aconselha os munícipes "a acionarem os seguros de imediato, a fazerem prova fotográfica de todos os danos, sendo certo que nenhum apoio seria concedido a entidades ou a pessoas que estejam cobertas pelo seguro ou onde exista necessidade de seguro obrigatório".

O autarca deixa uma promessa: "Da minha parte, tudo farei para que o concelho de Montemor-o-Velho não seja esquecido nestas horas difíceis".

Os prejuízos provocados pelo “Leslie” no concelho da Marinha Grande, no distrito de Leiria, rondam os cinco milhões de euros, anunciou hoje a autarquia.

Numa nota enviada à agência Lusa, a presidente da Câmara Municipal da Marinha Grande, Cidália Ferreira (PS), informa que os "danos públicos e de particulares provocados pela tempestade Leslie no concelho estão, neste momento, estimados em cerca de cinco milhões de euros".

Cidália Ferreira acrescenta na mesma nota que "os serviços municipais estão a fazer o levantamento exaustivo de todas as situações de prejuízo", para que sejam depois comunicados à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro.

"Temos garantida a reabertura no dia de amanhã (18 de outubro) da única escola sob a tutela do Município que ainda permanecia encerrada, depois da resolução das principais reparações na escola do 1º ciclo do ensino básico da Praia da Vieira", revela a presidente citada na nota.

O levantamento provisório dos danos provocados pela tempestade no concelho de Pombal aponta, até ao momento, para prejuízos de cerca de 3,2 milhões de euros, revelou à Lusa fonte da autarquia.

"Até ao momento, temos contabilizados cerca de 3,2 milhões de euros em prejuízos, faltando ainda contabilizar outros dados que estão a ser recolhidos e compilados", disse fonte da Câmara de Pombal, no distrito de Leiria.

Segundo a mesma fonte, a autarquia tem "sentido francas dificuldades em estabelecer contacto com as juntas de freguesia, devido às deficiências de comunicação que se fazem sentir", pelo que os danos ainda não foram todos contabilizados.

A passagem do furacão “Leslie” por Portugal, onde chegou como tempestade tropical, provocou 28 feridos ligeiros e 61 desalojados, 57 dos quais no distrito de Coimbra.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Filipe
    17 out, 2018 évora 21:46
    As seguradoras nos seguros Multiriscos tem essa cobertura , de tempestades ! Não vejo porque terão de ser todos os Portugueses a pagar sem culpa , prever e precaver , façam seguros .

Destaques V+