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Carne podre à venda, cadáveres que "explodem" em morgues: as consequências das falhas energéticas na Venezuela

17 out, 2018 - 17:35 • Tiago Palma

Em Maracaibo, no noroeste da Venezuela, a energia elétrica chega a falhar dez vezes por dia, às vezes durante horas seguidas. Nos mercados, a carne apodrece e a procura... aumenta. “O que fazer, se é mais barato?", explica um comerciante.

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Falta quase tudo, já se sabe. A Venezuela atravessa uma profunda recessão desde 2014, com a inflação a galopar e a escassez de produtos básicos (quando os há, não existe o poder de compra...) a obrigar muitos a abandonar ou país nos últimos tempos.

O que também na Venezuela escasseia é a luz. Não, não é uma metáfora para futuro radiante; é literalmente luz. Esta segunda-feira, por exemplo, uma falha de energia elétrica deixou 14 estados (incluindo a própria capital, Caracas) sem abastecimento durante várias horas.

Um exemplo curioso é a cidade de Maracaibo, no noroeste da Venezuela. Aqui, a energia elétrica falha diversas vezes. No entanto, em Maracaibo estão algumas das maiores reservas de petróleo da Venezuela e, claro, do mundo. Mas a cidade atravessa (como quase todo o país) profundas dificuldades económicas, que as falhas energéticas só vieram piorar, como se compreende na reportagem da BBC em Maracaibo.

Num mercado local, e faltando a luz, a carne para venda tende a apodrecer. É verdade que um quilo de carne custa a cada venezuelano cerca de 30 dólares, o equivalente a um terço do salário mínimo. No entanto, apodrecida, a carna torna-se mais barata e, assim, aumenta a procura.

Estranho? Alarmante? Um comerciante, Manuel, entrevistado pela BBC, atira de chofre: “O que fazer, se é mais barato? Falta luz aqui dez vezes por dia, às vezes durante horas seguidas. No dia seguinte, os produtos estão em más condições”.

Também em Maracaibo, os efeitos das dificuldades no abastecimento de energia elétrica tornam-se macabros aquando da visita da reportagem da BBC às morgues da cidade.

Wilfredo explica que tem “dois ou três” cadáveres sem refrigeração por semana. O resultado? Em alguns casos, durante a decomposição – e a decomposição acelera sem a refrigeração –, o abdómen pode até explodir devido à acumulação de gases dias após a morte. Wilfredo confirma: “Os corpos apodrecem a ponto de chegarem a explodir, sim”.

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