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Ciclo de Rui Vitória no Benfica está a terminar. António Carraça defende regeneração do treinador e do clube

17 out, 2018 - 12:45 • João Fonseca e Ricardo Fortunato

Carraça foi o responsável pela chegada do treinador ao Benfica, em 2004, para os escalões de formação. O antigo dirigente encarnado é um admirador do trabalho de Rui Vitória e defende-o das críticas.

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António Carraça defende trabalho de Rui Vitória
António Carraça defende trabalho de Rui Vitória

António Carraça entende que o ciclo de Rui Vitória no Benfica deverá terminar em 2020, ano em que expira o contrato do treinador. O antigo dirigente dos encarnados esclarece que a sua opinião nada tem a ver com a qualidade de Vitória, treinador que aprecia, mas com uma "necessidade de regeneração" que identificou como imperativa nos grandes clubes.

“Há 15 anos tinha a convicção de que os grandes clubes, um clube como o Benfica, poderiam ter um treinador durante 20 anos. Há 10 anos mudei a minha opinião. É impossível e contraproducente. Os treinadores e as equipas, do meu ponto de vista, têm um ciclo, que depois de terminado necessita de ser regenerado. Acredito que o Rui [Vitória] cumpra o seu contrato [até 2020] e depois de o cumprir o ciclo está terminado", observa António Carraça, em entrevista à Renascença.

Nesta avaliação, Carraça reforça a visão bidimensional do problema. Por um lado, "o Benfica necessita de regenerar e iniciar um novo ciclo", por outro lado, "o próprio Rui Vitória, do ponto de vista da sua carreira, nacional ou internacional, também necessita de mudar”.

"Como é possível alguém pôr em causa a capacidade de Rui Vitória?"

António Carraça foi o responsável pela chegada de Rui Vitória ao Benfica, em 2004, para treinador da formação, é um admirador do seu trabalho e não entende as críticas que, por vezes, ouve ao trabalho do técnico encarnado.

"Como é possível alguém pôr em causa a capacidade de Rui Vitória? Por vezes comete erros, claro que comete, mas quem não o faz?", questiona, lembrando que "mais do que ganhar, Rui Vitória ganhou potenciando jogadores da formação".

Dirigente de clubes, presidente do Sindicato dos Jogadores, treinador, jogador. Carraça é um homem do futebol e só encontra uma explicação para as críticas lançadas a Vitória, muitas delas por adeptos benfiquistas: "Toda a gente tem a presunção que sabe de futebol. Só por isso é que Rui Vitória continua a gerar suspeitas".

Nesta entrevista à Renascença, Carraça sublinha que "Rui [Vitória] conseguiu sucesso desportivo e promoveu sucesso financeiro". A avaliação que faz ao trabalho produzido é muito positiva, porque atribui nota alta à "seriedade, à honestidade, ao profissionalismo e aos resultados" que o treinador do Benfica apresenta.

Rui Vitória cumpre a quarta temporada na Luz e tem contrato até ao final da próxima época. O treinador, de 48 anos, sucedeu a Jorge Jesus e em três temporadas completas foi duas vezes campeão, ganhou uma Taça de Portugal e duas Supertaças.

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  • José Armando
    17 out, 2018 Leiria (distrito) 19:21
    A "proposta" de António Carraça, tem o seu interesse para discussão, considerando o contexto português. Tem um problema, ignora o que é o Rui Vitória, treinador do Benfica. Desde logo, não tem nada a ver com os restantes treinadores portugueses, é um funcionário, um profissional ao serviço do clube, uma pessoa que está ao serviço do clube e não o inverso. Basta comparar com Jorge Jesus, por exemplo. o clube, depois de lá ter chegado era secundário, estava ao seu serviço, da sua carreira e do seu currículo pessoal. Rui Vitória não entende assim, claro que quer ter sucesso pessoal, mas sabe que isso depende do reconhecimento do trabalho feito no clube, que se o fizer bem, a sua carreira internacional estará garantida. Porque é que Rui Vitória lança, sem medo, os jovens e os outros treinadores não? Porque não está preocupado com ele próprio. Rui Vitória não faz queixinhas, não exige ou se lamenta, não inventa pré desculpas para os inêxitos, trabalha, o melhor que sabe e pode, com os meios que a administração lhe possibilita. Tudo ao contrário, por exemplo, de Jorge Jesus. Quem manda no Benfica é a administração, não o treinador, o que é inteiramente novo em Portugal ou se dizia que acontecia no FCP. A "proposta" de António Carraça assenta na lógica que qualquer treinador pode ser campeão no Benfica, o que não é verdade. Rui Vitória é um co-gestor da política da administração, mais que um treinador. Ferguson, por exemplo, nunca foi um treinador.

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