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Montemor-o-Novo. Mau tempo fez ruir telhado no Convento da Saudação, coreógrafo Rui Horta fala em "vergonha nacional"

15 out, 2018 - 17:07 • Tiago Palma

Há décadas que o Convento da Saudação, que acolhe o centro de residência artística Espaço do Tempo, espera por obras de recuperação. "O buraco no tecto é a metáfora clara para o desprezo a que foi entregue a cultura em Portugal", acusa o diretor artístico da associação cultural.

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Também em Montemor-o-Novo o mau tempo deste fim-de-semana causou estragos. O Convento da Saudação, espaço do século XVII no interior do Castelo de Montemor-o-Novo que há quase duas décadas acolhe o centro de residência artística Espaço do Tempo, viu parte do telhado (na ala nascente do Convento) ruir.

Há muito que são pedidas intervenções urgentes naquele local, mas o projeto de recuperação continua à espera de financiamento, tendo o Convento da Saudação, classificado como Monumento Nacional, vindo a ser alvo de obras pontuais, como a recuperação das coberturas na segunda metade da década 1990, ou o restauro das carpintarias no final da mesma década.

Em comunicado, a autarquia explica que os estragos aconteceram na madrugada de domingo e que está já a ser feita uma "intervenção de emergência" para contenção da estrutura, numa articulação entre a autarquia, a Direcção Regional de Cultura do Alentejo e o Espaço do Tempo. ´

No entanto, no mesmo comunicado, reitera a urgência de ser garantido financiamento público para a recuperação do Convento da Saudação, que é usado como espaço de atividades e eventos culturais.

O espaço foi cedido em setembro pelo Estado à autarquia, que, em parceria com a Direção Regional de Cultura do Alentejo, já aprovou o projeto de recuperação, num investimento total a rondar os 4,5 milhões de euros.

No página do Espaço do Tempo no Facebook, o coreógrafo Rui Horta fala dos estragos no Convento da Saudação como “um dia triste”, acrescentando que este dia, “que nunca queríamos que chegasse”, veio “por a nu a fragilidade da Cultura no nosso país”.

“O buraco no tecto do Convento da Saudação é a metáfora clara para o desprezo a que foi entregue a cultura em Portugal. O desabar da abóbada de um dos mais emblemáticos lugares de criação do nosso país e um dos centros de residências artísticas mais reconhecidos internacionalmente, é uma vergonha nacional e um insulto ao trabalho do Espaço do Tempo e de toda a cultura portuguesa”, afirmou o diretor artístico da associação cultural.

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