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Ministério pede esclarecimentos. Alunos foram questionados sobre orientação sexual

10 out, 2018 - 13:54

Inquérito foi distribuído a alunos do 5.º ano, numa escola no Porto.

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O Ministério da Educação pediu a uma escola do Porto esclarecimentos sobre um inquérito em que alunos do 5.º ano são questionados sobre a opção sexual, concretamente se se sentem "atraídos por homens, mulher ou ambos".

A informação foi adiantada à agência Lusa por fonte oficial do ME, depois de questionada sobre a "ficha sociodemográfica" distribuída no âmbito da disciplina "Cidadania" a pelo menos a uma turma de estudantes de 9 e 10 anos da escola básica (EB) Francisco Torrinha, segundo informações divulgadas nas redes sociais e confirmadas junto de encarregados de educação.

"O ME não conhecia o inquérito em questão. Sabe-se, para já, que é um caso isolado. O ME está a apurar informação junto do estabelecimento escolar em causa", lê-se na resposta da tutela.

A coordenadora da Licenciatura em Educação Básica do Instituto Piaget diz, em declarações à Renascença, que não vê qualquer adequação a este inquérito.

“Seguramente, uma criança desta idade vai responder que já namorou, porque as crianças aos cinco anos (ou até antes) têm um amigo especial e dizem que namoram três ou quatro ao mesmo tempo. E quanto à atração por homens, mulheres ou ambos, provavelmente vão dizer que se sentem atraídos por ambos”, disse.

Maria Helena Ribeiro e Castro acrescenta que não vê razões para a realização deste inquérito junto a crianças de 9/10 menos, mesmo que seja parte de um estudo limitado.

“Por questões éticas, eu não o faria. Por questões de adequação ao tipo de entendimento que as crianças têm, ainda menos. E depois, há outras questões que têm a ver com o envolvimento dos pais pelo facto de serem menores. Por isso não vejo razão alguma para que estas questões sejam colocadas. E isto nem sequer se torna mais aceitável, se se der o caso da escola ter optado por participar numa investigação externa. Mesmo que os alunos respondam sob anonimato. Há uma série de quesitos éticos que têm de estar acautelados antes da utilização de um inquérito deste tipo”, referiu.

A Associação de Pais indicou a intenção de realizar uma reunião com a coordenação da escola para clarificar o caso, não pretendendo, antes disso, fazer declarações sobre o assunto.

A Lusa tentou também, sem sucesso, obter uma reação da coordenação da Escola Francisco Torrinha e da sede do agrupamento, a Escola Garcia de Orta.

De acordo com um encarregado de educação, numa reunião de pais dos alunos do 5.º ano os responsáveis pelos alunos "foram avisados da existência" da disciplina "Cidadania", no âmbito da qual "se abordariam temas como as relações interpessoais e violência no namoro".

Os encarregados de educação receberam um papel em casa para autorizar a participação dos seus filhos nesta disciplina, mas não esperavam que fossem colocadas questões como estas, acrescentou o mesmo encarregado de educação.

[atualizado às 19h40 com declarações da coordenadora da Licenciatura em Educação Básica do Instituto Piaget]

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  • Anónimo
    10 out, 2018 17:17
    Independentemente do ano em que os alunos estão, esse tipo de questões consiste numa invasão da privacidade dos alunos. Já para não falar que no 5º ano uma boa parte dos alunos ainda não sabe a sua orientação sexual (ou julgam que sabem).

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