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Não há verdadeira democracia "sem atenção às Forças Armadas”, avisa Marcelo

05 out, 2018 - 11:18 • Eunice Lourenço

Na cerimónia deste 5 de Outubro, o Presidente da República voltou a manifestar preocupação com os movimentos que põem em causa a democracia.

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Marcelo: “Não há verdadeira democracia sem entidades estruturantes, como as Forças Armadas”
Marcelo: “Não há verdadeira democracia sem entidades estruturantes, como as Forças Armadas”

Não há verdadeira democracia “sem atenção a entidades estruturantes como as Forças Armadas”, avisou esta sexta-feira o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, no seu discurso nas celebrações do 5 de Outubro, que decorreram, como habitual, nos Paços do Concelho, em Lisboa.

Num discurso de 11 minutos, em que voltou a manifestar as suas preocupações com os extremismos que põem em causa a democracia, Marcelo referiu-se por duas vezes às Forças Armadas, o que assumiu especial relevância numa altura em que o caso Tancos está na ordem do dia.

O Presidente foi, década a década, enumerando momentos em que, em Portugal e no mundo, se colocaram em causa a democracia e a liberdade.

Começou em 1918, quando, devido à “debilidade partidária e ao tratamento errado das Forças Armadas”, Portugal entrou num regime anti-parlamentarista conhecido como “República nova”.

Dez anos depois, em 1928, “chegaria ao poder quem viria a encabeçar quatro décadas de regime anti-democrático”.

Em 1938, lembrou Marcelo, cresciam na Europa os movimentos fascistas, racistas e xenófobos. “Era também a crise a levar a soluções anti-democráticas”, analisou o Presidente, que na década seguinte, em 1948, viu na aprovação da Carta dos Direitos Humanos e o contraste com o que se vivia em Portugal, a prova de que “sem a efetiva proteção dos direitos fundamentais não há democracia”.

Na sua enumeração por décadas, Marcelo salientou, em 1958, a campanha de Humberto Delgado e, em 1968, a “renovação na continuidade”, a substituição de Salazar por Marcelo Caetano que mostrou “a continuidade no essencial da ditadura apesar da renovação da liderança”.

Dez anos depois, 1978 foi um “ano contraditório”, com a participação de diversas áreas políticas no poder. E Marcelo lá foi continuando o seu caminho década a década até chegar a 2008 e à crise a que a Europa “não compreendeu a tempo” que seria impossível ficar imune.

Terminou assim a enumeração de “um século de lições úteis” para todos, lições que mostram que “não há verdadeira democracia” sem condições económicas e sociais, sem combate à desigualdade, sem um sistema político “dinâmico e gerador de alternativas”, “sem atenção a entidades estruturantes como as Forças Armadas”, sem combate à corrupção.

Lições de futuro que, espera o Presidente da República, “nos poupem a tentações radicais, chauvinistas e xenófobas” como as de que já tinham falado no discurso das celebrações do 25 de abril, perante a “incompreensão” de vários, como fez questão de sublinhar.

O chede do Estado terminou o discurso nos Paços do Concelho a lembrar que o voto é o instrumento para reagir a essas tentações, mas não é o único.

“Todos os dias se constrói e se destrói a democracia”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, concluindo: “Saibamos nós, pelo voto e pela prática de cada dia, dar vida a esta celebração”.

Comentários
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  • José Cruz Pinto
    06 out, 2018 Ílhavo 05:20
    Mas o que é que isto significa ? [Isto da atenção e do cuidado com as Forças Armadas.] É uma palavra de cuidado com uma ameaça ?! [Há quem até fale de insatisfação e murmúrios entre os militares !] E é o Senhor Presidente, seu Comandante Supremo, que nos vem alertar para essa (eventual) ameaça ? Se é, parece que afinal nada mudou - estamos exactamente como nos tempos antigos. Não conheço NENHUM país civilizado onde se reclame tanto cuidado com as Forças Armadas - os que o reclamam são tudo menos democracias. Cuidado com quê ? Com a perplexidade com o contraste entre os altos princípios proclamados e a realidade ? Com a indignação por haver corrupção na administração de messes de oficiais ? Com a incapacidade, incúria (ou, eventualmente, pior) na simples guarda de paióis ? Com a insistência na disponibilização de recursos porventura acima das nossas reais possibilidades ? E com mais quê ? Com a liberdade de expressão ?
  • agostinho couto
    05 out, 2018 Linden, Nova Jérsia, Estados Unidos 23:33
    Vai mas e para a ,escola estudar para saber o que significa ,,democracia ,,falas muito mas nao ,,dizes nada ,,nao fazes nada nao teens poder ,,nao tens ,,autoridade nao impoes ,respeito apenas dizes umas ,,bacoradas sem sentido algum ,, se nao fosses ,,presidente da Republica ,,estavas perdoado ,,bacoradas selfies e beijocas ,,qualquer um faz ou diz ,,mas ,,chefe ,,supremo da nacao ,,responsavel ,maximo ,,garante da defesa do pais ,,sao coisas ,bem mais importantes e mais serias , ,,e preciso estar a altura disso tudo ,, e o sr ,,Marcelo nao esta nem a altura nem por ,,perto de tudo isso ,,esta apenas a ver ,,,a bando passar e ,,a assobiar para o lado ,,,, e nao foi para isso que lhe confiaram os votos que ,obteve ,, ,,palavras ,,levas o vento ,,coragem ,atutude ,,acoes ,,essas ficam com quem as faz e pratica ,ou fez e praticou
  • Reat
    05 out, 2018 Lisboa 22:57
    Sem votantes há o regime de alguns Em Portugal há uma ditadura partidos e c artilha marxista radical liberdades zero 50%nao votam em anti Cristos.
  • Pinto
    05 out, 2018 Portal 16:03
    Ó martelo, junta-te ao Jerónimo ! Juntos fazeis um belo par de sovietes! Vai refrescar a memória! Se não fosse Salazar ainda hoje se andavam a matar Presidentes da República... Fecha a matraca. H
  • VICTOR MARQUES
    05 out, 2018 Matosinhos 11:55
    A Democracia também é um regime musculado?!!!...

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