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Um euro por dormida em Fátima. A taxa polémica que a Câmara quer introduzir

04 out, 2018 - 15:04

Autarca de Ourém esteve na Manhã da Renascença para explicar a medida que está a preocupar os comerciantes e os turistas.

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A Câmara de Ourém está a preparar uma taxa turística de um euro por noite nas dormidas no concelho em época alta. A medida está agora em consulta pública, mas tudo indica que é mesmo para avançar.

A garantia foi dada esta quinta-feira, na Manhã da Renascença, pelo presidente da Câmara, Luís Albuquerque.

“A ideia é avançarmos com a taxa turística e, se o fizermos, depois de ponderarmos as situações, é porque entendemos que ela é uma necessidade e é justa. Não nos podemos esquecer que o concelho de Ourém – e a taxa não é só para Fátima, é para o concelho de Ourém – é um concelho que tem já uma grande parte de turismo e que os milhões de pessoas que nos visitam utilizam as infraestruturas municipais”, justifica.

Mas Luís Albuquerque garante que, no máximo, os turistas pagarão três euros (três noites) por uma visita à região de Ourém e só na época alta.

“O máximo que um turista que nos visite pode pagar são três euros. Portanto, parece-me que não é nenhum esforço significativo para quem nos visita”, afirma o autarca, acrescentado que, tendo em conta o caráter sazonal do turismo, “a taxa não se aplicará entre 1 de novembro e 31 de março, portanto, na época baixa”.

Além disso, Luís Albuquerque garante transparência na distribuição das verbas recolhidas: o dinheiro “será aplicado de forma proporcional onde for arrecadado”.

Por exemplo, “se for arrecadado em Fátima 95%, o dinheiro dessa taxa será aplicado em Fátima em 95%”.

Todo o montante arrecadado será direcionado para “uma conta única e exclusivamente para este fim, para que todos saibam, de uma forma transparente e séria, onde o dinheiro será aplicado”.

“E iremos propor à assembleia nacional a criação de uma comissão de acompanhamento do destino do dinheiro, constituída pelo presidente da Câmara, pelo presidente da assembleia municipal, por um membro da assembleia municipal, por um eleito entre os presidentes de freguesia e por um representante da associação de comerciantes”, adianta.


Comerciantes e turistas pouco convencidos

A notícia da criação de uma taxa de ocupação turística não caiu bem em Fátima. Luciano Pereira, sub-diretor do Hotel Fátima, considera que a avançar, a medida vai acabar por recair nos hoteleiros.

“Os hotéis, neste momento, já têm contratos celebrados, alguns para além de 2020. O preço está feito, é aquele e não pode ser alterável. Isto é, portanto, uma taxa que recai sobre os hoteleiros e não propriamente sobre os peregrinos que vêm a Fátima”, explica à Renascença.

O empresário receia ainda que os peregrinos passem a preferir pernoitar fora da cidade.

Mas o presidente da Câmara de Ourém refuta esta possibilidade, considerando que “uma pessoa que queira vir a Fátima não vai ficar em Leiria para depois vir a Fátima, porque o que vai gastar por vir de Leiria a Fátima é muito mais do que um euro – em gasóleo, em portagens, no incómodo, no que for”.

Da parte dos peregrinos contactados, a maioria também se mostrou desagradada. “Receio que muitas pessoas vão hesitar [vir] porque já é um custo elevado a estadia e todos os bens essenciais, com mais um euro por noite...”.

Inoportuna, injusta, perigosa, desproporcional, insensível e imoral é como a Associação de Comércio e Serviços de Ourém classifica a taxa de ocupação turística que a Câmara quer criar.

Quanto ao Santuário de Fátima, contactado pela Renascença prefere não se pronunciar agora sobre o assunto, pois entende que é um tema que diz respeito à Câmara Municipal, além de que o assunto ainda não foi a discussão pública.

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