03 out, 2018 - 15:24 • Tiago Palma
O Presidente russo, Vladimir Putin, referiu-se esta quarta-feira ao antigo espião Serguei Skripal, envenenado em março em Inglaterra, como um “traidor” da pátria, endurecendo depois as críticas a Skripal e referindo-se a este como “escumalha”. As declarações de Vladimir Putin surgiram durante a Semana Russa da Energia, em Moscovo.
"Esse Skripal não passa de um traidor. Foi julgado e punido. Passou cinco anos na prisão. Libertámo-lo, partiu [para o Reino Unido] e continuou a colaborar e a aconselhar os serviços secretos [ocidentais]. Pura e simplesmente, não é mais do que um canalha”, atirou Vladimir Putin, criticando em seguida a "campanha mediática que foi montada em torno disto”.
O “isto” a que se refere o Presidente russo é o envenenamento de Serguei Skripal e da filha, Yulia, no dia 4 de março, em Salisbury, com recurso a um poderoso agente neurotóxico: o Novitchok. A investigação no Reino Unido concluiria que os serviços de informações militares russos (GRU) estão por detrás do envenenamento, chegando mesmo a ser emitido um mandado de detenção europeu contra dois russos suspeitos de consumarem o crime a mando do Kremlin, Alexander Petrov e Ruslan Boshirov.
A Rússia sempre desmentiu o seu envolvimento na tentativa de assassinato dos Skripal. E Putin afirmou esta quarta-feira sentir-se “estarrecido” com as proporções internacionais que o caso ganhou.
Serguei Skripal, antigo oficial do GRU, foi condenado em 2006 por "alta traição" após ter sido considerado culpado pela venda de informações aos serviços secretos britânicos. Em 2010 esteve envolvido numa troca de espiões organizada entre Moscovo, Londres e Washington, e instalou-se em Inglaterra.